Trilha Da Historia
FOTOS ANTIGAS VALEM OURO PARA CONTAR HISTÓRIAS DE UMUARAMA!

Entre centenas de fotografias que preservei ao longo de minha vida em Umuarama, ainda não consegui escolher a que acho mais bonita, romântica, charmosa ou histórica. Todas são iguais. Digo, todas valiosas e tem a mesma importância histórica, a mesma beleza e encerram o mesmo afeto na hora de escrever uma crônica...
Todas são raras para mim, mesmo as que me foram ‘gatunadas’, no sentido divertido da palavra, de minhas crônicas publicadas n’OBEMDITO e aqui no meu portal. Me faz feliz o fato de que elas viralizam tornando-se “de domínio público”. Elas, além de eternizar aquelas imagens do passado que nunca mais verei, me contam a ternura de algum momento que vivi na minha infância ou na minha adolescência.
Aos menos avisados, algumas – ou muitas, ou todas, sei lá... – podem parecer feias, pois foram castigadas pelo passar dos anos. Amarelaram, outras foram perdendo o brilho e a nitidez e os detalhes se cobriram de névoa, mas posso garantir: não as troco por nada, nem pelas mais deslumbrantes fotografias feitas com os mais avançados recursos da tecnologia digital. E ninguém vai conseguir fazer uma viagem no túnel do tempo para rever e clicar os encantos dos anos 50, 60, 70... Portanto, elas são únicas. Falei!
É realmente um prazer encantador apreciar, a olho nu ou com lupas, os traços de um tempo antigo. Querem uma imagem tão fascinante quanto a de uma criança, por exemplo, num antigo e tosco estúdio fotográfico dos tempos da colonização? O cenário, simples, mas autêntico. O registro dos costumes, simplesmente o máximo: um garotinho ou uma menininha naqueles trajes infantis hoje fora de moda, mas que eram lindos na época. Ou ele sentadinho num jipinho de pedalinhos ou num cavalinho de madeira? Ou ela com uma bonequinha de pano no braço e lacinhos nas longas trancinhas.
Como nem se pensava ainda em fotografias coloridas e todas eram em preto e branco, havia aqueles fotógrafos mais criativos – artistas, vamos assim dizer – que, para conquistar o cliente e agradar o fotógrafo, colorizavam as fotos. Eram obras de arte que iam para as paredes mais especiais de uma casinha de madeira de então. Geralmente em formato redondo ou oval, com molduras em madeira enfeitada de verniz brilhante.
Quando os pioneiros umuaramenses viajavam para passear, rever parentes e matar as saudades de suas terras de origem, pelo Brasil afora ou até no exterior (japoneses, italianos, libaneses, portugueses), era obrigatório constar na bagagem as fotos retratando a nova terra onde viviam e que estavam ajudando a abrir.
As mais especiais e que não podiam nunca ser esquecidas de incluir na mala eram as da Avenida Paraná, a de alguma caça na mata virgem (com onça abatida, de preferência), de alguma pescaria, da propriedade (principalmente se ela era de café, uma forte curiosidade para qualquer estrangeiro) onde viviam e laboravam, e muitos outros tipos, dependendo do gosto de cada um.
Me recordo que uma fotografia que virou verdadeira peça de ouro e todo mundo encomendou uma foi a daquele dia em que pousou o primeiro jatão da Sadia no aeroporto de Umuarama, todo de terra, emoldurado em toda sua extensão por uma densa selva de perobas. Imagem fantástica! O tremendo avião à toda velocidade pela “pista” após a aterrissagem, deixando para trás um furacão de poeira! Só uma foto mesmo para perpetuar uma cena dessas, porque se fosse apenas contar, poucos iriam acreditar que um jatão daquele tamanho pousasse aqui, sendo que hoje, com todo o desenvolvimento e riqueza econômica (pecuária e agrícola), Umuarama não tem mais aquela movimentação aérea do passado... Mas era incrível mesmo, a chegada apoteótica da aeronave ao cruzar a cidade no alto do céu zumbindo com suas poderosas turbinas e depois, ao descer, com as suas tremendas hélices girando furiosas até parar para a descida dos passageiros que vinham de São Paulo. A maioria ricos fazendeiros que haviam comprado grandes áreas e estavam investindo na cafeicultura – era a fase áurea do Ouro Verde!
Me importo em ressaltar que era um tempo que pouca gente possuía câmeras fotográficas, portanto, os raros fotógrafos que atuavam nesse ramo aqui tinham serviços de montão. Esse é o motivo também que nem todo mundo guardou lembranças da Umuarama do passado já remoto, a não ser aquelas fotos de família (casamentos, batismos, primeira comunhão) ou as obrigatórias 3x4 de documentos.
Geralmente quem tinha uma câmera em casa eram os fazendeiros ou profissionais liberais (os primeiros médicos e advogados), porque elas tinham o seu preço nem sempre acessível aos mais humildes. E, também, porque as pessoas mais simples não tinham tanta atração pela fotografia e faltava-lhe trato no manuseio delicado desses artefatos “que tiravam retratos”.
Por conta disso, muitos fatos deixaram de ser documentados para a posteridade. Já pensou se fosse hoje, com celulares mágicos que retratam tudo o que se move à sua frente e cabem no bolsinho da calça jeans? Você poderia fotografar uma onça cruzando a estradinha. Ou um macaco ladrão assaltando a sua cozinha na casinha da roça. Ou aquela maravilhosa águia, hoje quase extinta, que só é lembrada porque está no alto do brasão do Paraná. Ou uma jibóia dormindo depois de engolir um bezerrinho no pasto. Ou um indiozinho xetá chegando junto com o padre à velha igrejinha de madeira. Ou um casal de araras azuis namorando no alto do telhado de sua casa. Enfim... cenas que não acontecem mais, porque, decididamente os tempos mudaram. Umuarama mudou, porque o mundo mudou. É isso.
Resta o suave consolo de que as fotografias que restaram por aí guardam eternas recordações, doces memórias desta terra e de nossa gente. E justamente por serem raridades é que viraram pedras preciosas na internet, onde todo mundo se encanta de rever o seu passado e, as galeras de hoje, ficam impressionadas com as imagens daqueles tempos antigos e rústicos. Muitos nem acreditam o que as fotos preservaram: “Antigamente a cidade era assim?” Ou: “Que pássaro é esse que eu nunca vi!” “Vixi, quando chovia o Baixadão da Avenida Paraná virava essa lagoa de lama?”
Ainda bem que existem os que são apaixonados por fotografias, especialmente as de estilo retrô, vintage e antigonas, porque senão o que seria da História? Afinal, uma imagem vale por mais de mil palavras!!! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)
FOTOS: Acervo do Portal ITALO
Imagem retrô: A Avenida Paraná a partir do imenso vazio onde depois seria construída a Praça Santos Dumont - Fotos exclusivas do acervo de Italo Fábio Casciola
Esta é uma raridade fotográfica, do ano 1960: A Avenida Paraná ainda sem asfalto nem calçadas, que virava um verdadeiro cenário desesperador acumulando enxurradas e barro em toda a sua extensão. Onde estão as árvores desta imagem hoje é a Praça Santos Dumont e logo à frente o Baixadão, que virava uma lagoa de lama. Nos dias de sol, os ventos sopravam nuvens de poeira…
Esta foto é da década de 1960 e preservou para a posteridade a grande obra de construção da Igreja Matriz São Francisco de Assis, que durante décadas foi a maior edificação da Capital da Amizade
Outra relíquia fotográfica que prova que nos tempos da fundação e colonização de Umuarama aqui chegavam e partiam aviões todos os dias. Grandes aeronaves de passageiros e de transporte de cargas. Duas companhias atenderam a cidade durante longos anos: Sadia e Real
1950: Anos antes da fundação de Umuarama! Esta fotografia é nostalgia pura registrando para a posteridade a futura Avenida Paraná, ainda com apenas uma casa comercial; aquele “redondo” de árvores seria vinte anos depois a Praça Santos Dumont. Ao redor, tudo vazio…
Esta fotografia não tem um pingo de saudosismo e sim é um registro histórico espantoso de uma estrada na periferia da cidade completamente alagada por uma tempestade, tornando os caminhões pesados de vítimas. Ficavam dias atolados no barro, pois não havia meios de socorro nesses casos.
Este cenário traz tristes lembranças de uma época pós-derrubada das florestas, em que a erosão passou a dominar todo o território. Esta é a simples estrada que ligava Umuarama a Xambrê dias depois de chuvas que tornavam o transporte um sofrimento terrível…
Este cenário traz tristes lembranças de uma época pós-derrubada das florestas, em que a erosão passou a dominar todo o território. Esta é a simples estrada que ligava Umuarama a Xambrê dias depois de chuvas que tornavam o transporte um sofrimento terrível…