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NA TRILHA DA HISTÓRIA
TODO MUNDO CHEGOU A UMUARAMA NESTE ‘PONTO DE ÔNIBUS’...
Ele foi a porta de entrada para quem chegou no século passado para viver na nova cidade paranaense!
Publicado em 09/08/2025 às 07:00 Ítalo
TODO MUNDO CHEGOU A UMUARAMA NESTE ‘PONTO DE ÔNIBUS’...

Quando foi dado o início à execução do projeto urbano para a construção da futura cidade de Umuarama, as equipes de engenheiros e trabalhadores da colonizadora Cia Melhoramentos começaram a chegar pela tosca pista de terra do primeiro aeroporto, pois ainda não existiam estradas, apenas trilhas estreitas e que não comportavam o porte de veículos de transportes...

A primeira estrada, aberta com tratores por entre as florestas a partir de Maringá, só virou realidade nas proximidades de 1955, quando Umuarama estava inicialmente aberta no meio da floresta para ser “inaugurada”... Apenas alguns espaços estavam “urbanizados” para iniciar as primeiras construções de casas comerciais e residenciais – e se resumiam à Colônia Mineira (onde moravam as equipes da Cia Melhoramentos) e em seguida onde teria início o conglomerado de pequenas empresas pioneiras.

E esse segundo espaço foi uma área onde começou a ser construída de madeira a primeira estação rodoviária para viabilizar a chegada dos antigos ônibus trazendo os futuros moradores da nova cidade e de sua área rural.

É dele que vamos tratar nesta crônica nostálgica, pois ela personificou a porta de entrada das legiões de trabalhadores que vinham de todos os cantos do Brasil para iniciar uma nova vida aqui distante e melancólico interior paranaense da época! Melancólico porque era uma gigantesco vazio resultante de uma gigantesca devastação de milhares de quilômetros quadrados de florestas para dar início à futura colonização com vistas a uma riqueza que se sonhava por ricos fazendeiros e pobres agricultores que trabalhar na cultura do ouro verde: a cafeicultura!

Não existia meio termo: ou tinha dinheiro para comprar terras e abrir fazendas ou trabalhar como empregado para ganhar o pão nosso de cada dia... O trabalho era pesado com enxadas e enxadões para o plantio do café e enfrentado os piores momentos climáticos – dias com chuvas, frio congelante ou sol escaldante! As rotinas começavam assim que o dia clareava e seguiam até o início da noite, intercaladas com almoço na roça, chamado de “bóia fria”.

FATO ÉPICO: COMEÇOU A CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA RODOVIÁRIA...

Onde hoje está a bela Praça Arthur Thomaz, muitos antes dela virar uma área de lazer e do encontro dos amigos das antigas, era um descampado... E ali a colonizadora, por volta de 1952, resolveu erguer com tábuas de peroba um ponto de ônibus de arquitetura rústica e feia, que servia como referência de chegada aos que vinham de fora para se instalar no novo núcleo habitacional que emergia. Essa foi o que pode chamar de primeira estação rodoviária da futura Capital da Amizade!

E durante anos foi a parada final das antigas “jardineiras”, aqueles ônibus de aparência esquelética e totalmente desconfortáveis usados nas terríveis viagens cortando a selva através de um caminho tortuoso e penoso para chegar aqui. Na verdade, aquilo nem servia para ser uma mini estação rodoviária, pois era na verdade um minúsculo casebre que nem sanitários tinha para o uso dos passageiros...

Era formado por duas saletas estreitas, cada uma com uma janela usada como bilheteria por onde eram vendidas as passagens. Nem bancos para sentar havia.

O espaço vago no centro do ponto não servia para nada, nem mesmo para se esconder das ventanias açoitando a poeira e muito menos para se proteger das chuvas que caíam naqueles tempos idos.

Porém, mesmo sem conforto nenhum, era o lugar mais movimentado – e mais importante para quem tinha pressa de chegar! – do então vilarejo ainda em estado primitivo, porém em ebulição por força da epopeia de colonização de uma nova fronteira agrícola que estava surgindo. Legiões de colonos, vindos de todas as partes do Brasil, muitos deles atravessando milhares de quilômetros do Nordeste até aqui. Outros, estrangeiros, que chegavam falando idiomas intraduzíveis para os nativos, como japoneses e libaneses.

Aqueles ônibus decadentes, porém imprescindíveis na falta de outro tipo de transporte, chegavam lotados a toda hora. Alguns tinham até o seu teto – reservado ao bagageiro – ocupado por viajantes, que se agarravam como podiam para não cair. O importante mesmo era não perder a “condução” e chegar, mesmo que com os ossos quebrados e músculos atrofiados pelo cansaço, ao lugar que era sonhado como a futura Terra Prometida, um paraíso onde todos poderiam realizar os sonhos de fortuna e de uma vida melhor que não haviam encontrado nos cantos de onde vinham...

A cena da descida naquele ponto de ônibus, que hoje só resiste guardada em algum canto de nossa memória, era algo simplesmente digno de recordar no futuro.

A sensação de botar os pés num outro lugar, estranho e misterioso, sabendo que a partir dali estaria começando um novo capítulo da história pessoal de cada um e que o passado deveria ser deixado para trás, era algo realmente muito forte de assimilar.

Todos, que chegamos naqueles anos da década de 1950, sentimos saltar à nossa frente a imagem de uma terra de ninguém, onde não havia quase nada e estava tudo para ser desbravado, feito e organizado para os tempos e as gerações que viriam depois.

Se não é o marco zero geograficamente definido, pelo menos trata-se do primeiro momento do começo de nossas vidas. É no instante daquela chegada, naquele inebriante vai-e-vem de gente e malas, que tudo começou tanto para a biografia de cada um, como para a memória de Umuarama.

Era gente que chegava para ficar. E ficou! Era gente que vinha pensando em nunca mais voltar. E não voltou!

Outros, tempos depois, choraram porque tiveram que regressar porque aqui não conseguiram seus sonhos realizar. Alguns, vieram só para olhar. A metade gostou e ficou. A outra parte não, e partiu rapidamente assim como chegou.

Muitos sorriram felizes em encontrar o seu lugar para seus projetos realizar. Entre tantas chegadas, lágrimas e lenços brancos em partidas e despedidas, a vida foi se repetindo por anos a fio naquele simulacro de estação. Mas, muita gente como eu, preferiu não voltar e está aqui até hoje, felizmente, e pode dividir a alegria de recordar aqueles maravilhosos instantes de nostalgia.

E foi a partir daquele ponto de parada das “jardineiras” que começou a se formar a confraria que tornou realidade a Capital da Amizade, um lugar onde os amigos, depois de tantas aventuras, formaram um porto seguro. Umuarama é isso!

E nunca vou esquecer os gritos daqueles que tomavam conta das bilheterias daquele ponto de ônibus: “Atenção, atenção!!! Está chegando mais uma jardineiraaaa!!!”. E os comerciantes ali próximos, principalmente os donos de botecos, iam até lá correndo pra convidar quem chegava para tomar café, comer ou encher a cara de cerveja!!! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

FOTOS DO ACERVO HISTÓRICO DE ITALO FÁBIO CASCIOLA

WWW.COLUNAITALO.COM.BR

Nesta cena nostálgica observamos a movimentação ao redor da primeira estação rodoviária de Umuarama (à esquerda na imagem), situada onde está a atual Praça Arthur Thomas. Na vizinhança funcionavam bares, lojinhas e pequenos restaurantes que serviam comidas para os passageiros que chegavam esfomeados depois de longas viagens... O sobradinho de madeira primeiramente foi escritório da colonizadora, onde vendia terrenos da futura cidade e da zona rural, depois foi alugado para fins comerciais. A área era tudo terra: nas chuvas virava lamaçais e no calor fonte de intensa poeira!

Muito antes da fundação da Capital da Amizade, a colonizadora Cia Melhoramentos deu início às construções de madeira. As primeiras, como podem observar na fotografia, foram a rodoviária, que seria o acesso oficial dos que chegavam de fora e, à esquerda, um sobradinho que a colonizadora utilizaria como seu escritório... Prova de que era o início da urbanização é que ao redor ainda estava tudo deserto, um imenso território vazio depois da completa derrubada da floresta gigante que existia anteriormente.

O ponto de ônibus funcionou no cruzamento da Avenida Paraná com a Rua Arapongas até 1960. Ele foi demolido e a área foi completamente limpa para preparar a construção da primeira praça da cidade, que levaria o nome de Arthur Thomas (esta fotografia documenta o novo cenário do lugar, rodeado pelo antigo comércio). E a rodoviária foi transferida para um amplo terreno de formato redondo, onde hoje é a Praça Santos Dumont, mas ficou nesse espaço por menos de uma década. No local em 1970 foi inaugurada a moderna praça em homenagem ao Pai da Aviação e a estação mudou de lugar pela terceira vez...

Um ano depois que o ponto de ônibus desapareceu, o espaço do cruzamento da Rua Arapongas com a Avenida Paraná foi transformado em Praça Arthur Thomas, em homenagem a um dos diretores fundadores da colonizadora (ver ao centro a escultura do busto do homenageado). Ao fundo, o sobradinho escritório da Cia Melhoramentos. A inauguração coincidiu com a elevação do distrito de Umuarama a município, desmembrando-se de Cruzeiro do Oeste.

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