Trilha Da Historia
NO TEMPO EM QUE A CAPITAL DA AMIZADE ERA MAIS FESTIVA...
Os tempos eram outros, mais animados e estava em alta curtir a arte de viver. Os dias eram dedicados ao trabalho, sim, afinal se dependia dele para sustentar os custos das festas dançando, cantando e bebendo... Mas a absoluta maioria sabia dividir o tempo e não perdia por nada as noites e as madrugadas se divertindo intensamente. E não era só nos fins de semana ou nos feriados, pois havia fontes de alegria por todos os cantos da cidade durante a semana inteira...
Antigamente a Avenida Paraná, além de ser a artéria vital, era o único lugar mais ativo de Umuarama seja para trabalhar como para passear. Cultuava-se aquela velha tradição de que a cidade era feita de encontros. E a Avenida Paraná foi, desde a fundação da Capital da Amizade em 1955 até 1970, o palco principal da convivência de população.
Era um tempo em que “ir ao centro” significava passear pela até hoje via principal. Com a diferença de que antes ela era o centro de tudo, predominando a presença do comércio durante a semana e dos encontros dos amigos e das famílias nas três principais praças (Miguel Rossafa, Arthur Thomas e Santos Dumont) aos sábados, domingos e feriados. Se comparada com os momentos atuais, a avenida mais parece um espaço de passagem, em que as pessoas perduram apenas o tempo exigido para cumprir suas compras e tarefas.
No passado, a Avenida Paraná era vivida intensamente com a ocupação e circulação das pessoas. Os umuaramenses interagiam muito mais naquele extenso espaço do que hoje. A seu favor estava a quase absoluta falta de opções de entretenimento, numa época em que não existia a televisão. E na avenida todos podiam desfrutar primeiro do Cine Guarani, e, tempos depois, do moderno Cine Umuarama, ambos sempre com excelentes filmes nas matinês de domingos e nas sessões noturnas diárias. Constantemente lotadas!
Além disso, havia incontáveis pontos de encontro em muitos bares, para bebericar café ou bebidas; vários tinham mesas de snooker, sempre rodeadas de jogadores. Era um período em que não existia violência urbana, fato que propiciava animadas serenatas e andanças pelas noites e madrugadas. Havia ainda violeiros caipiras, que divertiam a todos nas tardes de sábado e domingo na Praça Arthur Thomas. Em algumas travessas do alto da avenida havia pistas improvisadas para jogar malha, que reuniam ruidosos adeptos dessa velha tradição.
Nem é preciso recordar dos grandes desfiles de 26 de Junho e Sete de Setembro, pois esses continuam acontecendo até hoje. Mas, proporcionalmente ao número de habitantes de agora – mais de 100 mil - vale arriscar dizer que outrora atraíam mais gente. Também marcaram época as carreatas e os festivos comícios políticos, com palanques montados na Arthur Thomas ou na Santos Dumont, alguns deles com celebridades nacionais de seu tempo.
Como havia menos carros do que hoje, a circulação popular era muito mais intensa. Praticamente todo mundo percorria os quarteirões da avenida a pé, amassando barro ou patinando na areia quando ainda não havia asfalto e calçadas. Depois que essas benfeitorias foram surgindo aos poucos e lentamente, no final da década de 1960, melhorou a situação para os pedestres. Ficaram ainda mais agradáveis os passeios no “centro” de Umuarama.
Os mais antigos devem lembrar aquele costume que chamávamos de “footing”, ou seja, o percurso que a moçada fazia caminhando a pé entre os cinemas conversando, paquerando e saboreando a vida passar. E havia ainda o “Bobódromo”, um trecho situado entre a Praça Arthur Thomas e o Cine Guarani onde se concentravam os jovens, principalmente os poucos que já tinham carros. Ele ficavam horas e horas conversando inutilidades, apenas para passar o tempo e “aparecer’!
Com tanta gente circulando todo dia, é claro que existiam muitos ambulantes, desde vendedores de lanches, salgadinhos, doces e sorvetes, até os que ofereciam bilhetes de loteria, sem contar as bancas de jogo do bicho. Outro costume que sumiu foi o desfile de Santos Reis, quando uma penca de tradicionalistas descia a avenida cantando e anunciando os Reis Magos. Outras cenas sempre presentes eram a de cortejos fúnebres, que saíam da igreja São Francisco de Assis rumando com destino ao cemitério, com passagem obrigatória pela via principal. Casamentos idem. Os noivos à frente num jipão enfeitado, seguidos por caminhões lotados de convidados rumo à festa de núpcias.
Deixaram saudade aqueles longos desfiles de grandes circos que passavam por Umuarama quando ainda havia espaço para armarem suas lonas gigantescas. Para anunciar as suas atrações ao distinto público, essas companhias desciam e subiam a avenida com carros, caminhões e jaulas, tendo exibindo os artistas e os animais selvagens – entre eles leões!!! Multidões lotavam os dois lados da avenida para admirar aqueles espetáculos gratuitos que os circos proporcionavam.
Merecem registro ainda os animadíssimos desfiles de carnaval, quando havia várias escolas de samba e existia uma rivalidade saudável para mostrar mais animação na avenida. Algumas, até conseguiam recursos para mostrar fantasias cintilantes e criativas. Umuarama era carnavalesca mesmo e a alegria extravasava dos clubes (ACEU, Country e Harmonia) para a avenida.
Tudo isso é prova inconteste de que no passado predominava o convívio autêntico, aquele intercâmbio verdadeiro e significativo entre os moradores de então, que desfrutavam daquele espaço público de forma expontânea, lembranças que hoje são um legado que deve permanecer presente no inconsciente dos umuaramenses do passado.
Todos conheciam a todos, a cidade ainda não havia se transformado numa metrópole populosa e tudo contribuía para esse elo popular. Infelizmente, isso não ocorre mais. A Avenida Paraná virou um lugar onde impera a pressa e um trânsito que já se faz sentir neurótico. Nas noites, são raros os pontos freqüentados e suas calçadas estão sempre desertas, apesar de sua bela iluminação e jardins. Com exceção da Praça Miguel Rossafa, hoje point nervoso onde se reúne a moçada. Na outra extremidade, está a velha Estação Rodoviária/Praça da Bíblia, que não oferecem atrativos e não são dignos de ser indicados para passeios noturnos (e até durante o dia) pela falta de segurança...
Agora, quem sai à noite quase não encontra mais pontos movimentados na Avenida Paraná como os que existiam antes e os raros que ficam abertos fecham cedo. Os clubes sociais vivem na melancolia, as praças em tão ficam desertas Movimento à noite na Avenida Paraná e no shopping só no período natalino, quando as lojas abrem em horário especial, e quando acontecem eventos natalinos promovidos pela Prefeitura... É isso. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

O Umuarama Country Club era um dos mais movimentados pontos de encontro da juventude do passado. Existiam atividades todo dia, além dos grandes bailes de carnaval e debutantes. E nas tardes vivia agitado com paridas de futebol, volei e basquete.... E o bar do clube fervia de gente!

O Cine Umuarama encantou as antigas gerações, exibindo os mais espetaculares filmes da época. Ele provocava a circulação de multidões na Avenida Paraná que iam assistir as sessões durante as noites da semana e nas tardes e noites de domingos e feriados.

Este foi o primeiro clube social fundado em Umuarama pela colônia japonesa, mas suas festas e bailes eram frequentados por toda a comunidade. Era de madeira (só a fachada foi construída de material) e estava situado na Rua Ministro Oliveira Salazar. No início tinha o nome de Sociedade Recreativa e Esportiva de Umuarama, depois mudou para Associação Cultural e Esportiva de Umuarama (ACEU). Ele continua em atividades até hoje.

Outro endereço famoso da Umuarama do passado era a antiga Óbvio, que marcou época na Era das Discoteca com shows espetaculares estrelados por artistas de renome nacional.

Um evento que marcou a vida dos umuaramenses foi o tradicional Carnaval de Rua, realizado durante trinta anos ao longo da Avenida Paraná. A cidade tinha várias escolas de samba e blocos que brindavam a comunidade com espetaculares desfiles. E os bares e lanchonetes que existiam na avenida central e arredores ficavam lotados nessas noites em ritmo de samba - e os festeiros amanheciam depois da intensa batucada...
FOTOS ANTIGAS DO ACERVO DE ITALO FÁBIO CASCIOLA












