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NA TRILHA DA HISTÓRIA
DESTRUÍRAM AS ANTIGAS FLORESTAS, QUE ERAM O PARAÍSO DAS ONÇAS...
Para abrir o território onde seria fundada Umuarama e abrir grandes fazendas, as matas gigantescas foram derrubadas e a fauna acabou expulsa daqui...
Publicado em 21/01/2025 às 13:00 Ítalo
DESTRUÍRAM AS ANTIGAS FLORESTAS, QUE ERAM O PARAÍSO DAS ONÇAS...

Ao longo dos anos dedicados ao jornalismo, especialmente às reportagens e crônicas focadas na História de Umuarama, já resgatei uma imensa variedade de assuntos retratando a distante época da fundação e colonização deste território onde atualmente vivemos.

Mas, me surgiu neste instante a ideia de mostrar como era este lugar antes das obras de construção de nossa Umuarama. Como era a imensa floresta verde de milhares de quilômetros quadrados antes dela se destruída pelos desbravadores armados de motoserras, machados e serrarias que transformaram tudo em madeira e pó de serra... Certamente as novas gerações nem imaginam o cenário em que tudo isso aconteceu há setenta anos...

Pois agora tentarei resgatar detalhes interessantes do que os aventureiros encontraram ao longo da aventura de chegar a esta terra cheia de surpresas.

No interior desse imenso manto verde de árvores gigantes e seculares palpitava uma riquíssima fauna, verdadeira dona deste infinito habitat selvagem do qual não restou absolutamente nada, a não ser a memória que, alimentamos as esperanças, continuem seguindo vivas pela trilha do tempo para as gerações que chegarem no futuro.

São detalhes nem tão pequenos que enriquecem o quebra-cabeça histórico de um tempo que a mão “humana” apagou.

São reminiscências que a história oficial da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná deixou para segundo plano, resumidas em anotações lacônicas, perdidas num lauto catatau de páginas mais interessadas na grandeza dos heróis colonizadores do que no mundo que eles tiveram poder de decisão de destruir fomentando a maior “obra no gênero (colonização)” de todos os tempos na América do Sul...

Mas, para nós umuaramenses, acredito eu, são ricos detalhes que nos proporcionam uma viagem na imaginação de como foi grandioso esse monumental espetáculo que a Mãe Natureza construiu neste território continental.

O MARAVILHOSO PARAÍSO DA MÃE NATUREZA

Os viventes que tiveram a oportunidade de percorrer aquela trilha do passado, sulcando o traçado para a ferrovia, presenciaram ao longo dos quase duzentos quilômetros de acidentado percurso e de alguns dias de viagem sofrida, cenas privilegiadas que as gerações sucessoras não tiveram e nem nunca terão a sorte de ver.

Durante a luz do dia, o cenário era deslumbrante protagonizado por uma bicharada variada. Desde enormes tamanduás, catetos, antas e tatus, quatis e cachorros-do-mato cruzando o caminho, promovendo uma gritaria assustando os cavalos e os cavalariços, pois surgiam de repente como fantasmas do meio do nada. Tinha veados ligeiros e enormes e lentos tamanduás, capivaras, pacas, cotias e ariscas ariranhas, muito comuns à beira dos rios e córregos.

Nesses mananciais e brejos que existiam, além de peixes navegando em águas cristalinas, às margens reinavam os terríveis borrachudos, que atacavam de dia os passantes que paravam para dar água aos animais e saciar a própria sede, e os implicantes pernilongos zunindo e distribuindo picadas à noite.

Causavam pânico, pois era uma época em que proliferava no Brasil a temida malária. (Irônico destino: hoje a neurose são os mosquitos da dengue e zika...)

Assolavam a região também os perigosos marimbondos, vespas e abelhas, principalmente nos lugares onde havia árvores frutíferas típicas da mata.

Os antigos andantes contavam que viajar à noite tinha suas vantagens, pois era mais fresco e a mata menos abafada, porém guardava grandes perigos.

AS NOITES GUARDAVAM GRANDES PERIGOS...

Um deles, talvez o principal e mais assustador, era a presença constante de onças, seja da espécie pintada como da parda. A pintada, que causava uma sensação que ia do medo à admiração, era realmente impressionante, a começar pelo seu porte (é o maior mamífero carnívoro brasileiro e o maior felino das Américas) e pela sua pele com manchas escuras intercaladas por pelos dourados ou amarelos vistosos.

Já a onça parda, um pouco menor que a outra, coberta com uma pelagem bege-rosada (mas há variações desde o cinza, o marrom até o ferrugem). Sua agilidade é fantástica: pode pular para o chão, com grande velocidade, de alturas de até 15 metros e dar saltos em terrenos acidentados de até seis metros de extensão. Um raio no meio da mata, ao contrário da pintada, que é mais pesada e pouquíssima coisa mais lenta!

A maioria dos colonos e aventureiros se borrava de medo das onças, temerosos em ser devorados pelos dentes de punhal desses bichos. Só os mateiros e caboclos mais antigos destas paragens é que sabiam que não era bem assim e essas estórias tinham uma certa tonalidade mitológica.

Apesar de muito temidas, as onças, contavam eles, fugiam quando se encontravam diante de um humano, pois elas, inteligentes como são os felinos, não confundem os homens com outras espécies, pois a nossa postura bípede nos diferencia de outros animais e faz com que elas rapidamente se afastem.

A pessoa não pode, aconselhavam os experientes caçadores, é se agachar ou se jogar ao chão para tentar se esconder entre as folhagens rasteiras, pois as onças poderiam confundi-la com outros animais. Havia relatos de casos raros de ataques de onças a pessoas, todos caçadores, pois elas, acuadas, tentavam se defender. E, aí, realmente cada um, seja bicho ou gente, arrisca tudo para salvar a própria vida, não?!

As antigas noites renderam tantas histórias entre colonos que, no final das contas, divertiam a vida cotidiana relatada em longas tertúlias à beira do fogão de lenha, devidamente regadas com café fresquinho da hora ou cachaça pura do alambique.

Diziam até que, percorrer aquela lendária trilha, era coisa pra “cabra macho”, pois havia lobisomens, sacis e almas penadas de gente que havia morrido no meio da floresta.

A caboclada se divertia vendo as moçoilas e os moleques de calça curta arrepiados de medo. Mas, alguns juravam por tudo o que era mais sagrado que personagens do além perambulavam por aquele caminho. Essas e outras estórias tenebrosas vamos deixar para contar em outra ocasião...

Verdade mesmo é que as noites do passado, fossem elas escuras ou prateadas, em períodos de lua cheia eram habitadas por figuras realmente vivas, muito vivas e atentas.

AS BELAS CORUJAS, SENTINELAS SOLITÁRIAS DA MATA

Belas corujas, de grandes olhos amarelos e brilhantes, observavam tudo lá de cima das copas das árvores gigantes, girando suas cabeças em até 270 graus alertas aos mínimos movimentos e sons a grande distância. Sentinelas solitárias da mata, destemidas e sofisticadas caçadoras de bichinhos gordos e apetitosos que percorriam o chão das matas. De vez em quando, bailavam entre os galhos, voando silenciosamente graças às suas asas com penas muito macias.

Compunham o elenco das noites e madrugadas de outrora os mochos, os curiangos e até mesmo os esculturais urutaus, aves que em questão de segundos se transformam camaleonicamente em figuras semelhantes a cascas de árvores, camuflando-se no meio dos troncos.

Outra preocupação, sempre presente seja sob o sol ou sob a lua, eram os peçonhentos. Havia cobras de todos os tamanhos e cores, venenosas ou não. Por isso, andar a pé exigia botas de cano alto, pois geralmente elas atacavam nos calcanhares ou nas canelas.

Uma picada, de uma cascavel, jararaca ou coral, era fatal. Deviam ter cuidado máximo ao procurar lenha seca no meio da mata para fazer fogueiras para cozinhar, pois as folhas secas ou galhadas caídas no solo podiam ser esconderijos desses perigosos répteis. Incluídas nessa precaução as aranhas, outra ameaça temida por caçadores e pescadores.

Quanta gente que viajava usando animais de montaria caiu realmente do cavalo por causa de cobras, estiradas ou enroladas na areia desses picadões. Trotando tranquilamente caminho afora, de repente o cavalo freava bruscamente e se espantava, derrubando o peão e saindo em disparada relinchando assustado e dando coices por todos os lados...

Quando os cavalos ou mulas puxavam carroças ou charretes, o tranco ainda era pior, pois os animais enlouqueciam a ponto de virar o veículo. Dá para imaginar a cena de pavor, né...

É, o passado pode ser romântico, mas tem suas nuances que muitos preferem esquecer.

Anos depois, mesmo quando a CMNP alargou o picadão e transformou-o numa estrada mestre, esse cenário narrado nesta crônica continuou por muito tempo, enquanto não acabaram totalmente com as matas que margeavam o percurso entre Maringá e Umuarama.

Portanto, muita história continuou a percorrer aquele longo, perigoso e fantástico caminho que serviu de entrada para os antepassados das gerações de hoje e de amanhã. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Foto capa : Freep!K

WWW.COLUNAITALO.COM.BR

A onça pintada reinava absoluta nas antigas florestas aqui do Noroeste paranaense. Um felino de beleza encantadora, admirados pelos antigos precursores que chegaram em meados do século passado para desmatar e abrir o território onde seria fundada Umuarama e abertas grandes fazendas para a cafeicultura.

Crédito Foto: Mahinfluencia/Reprodução

As florestas eram habitadas por uma infinidade de tipos de aves, entre elas as corujas, que eram consideradas as sentinelas nas noites escuras de antigamente

Crédito Foto: Denis Ferreira Netto/AEN Paraná

Este provavelmente é o bicho que mais surpreendia os antigos pioneiros: o Tamanduá-bandeira. Eles chamavam a atenção pela sua encantadora pelagem, com um rabo extremamente peludo e focinho grande e comprido. Outra curiosidade é que eles se alimentavam de formigas e cupins, insetos que são capturados por sua longa língua de cerca de 60 centímetros. E mais: Eles não andavam simplesmente, eles desfilavam balançando a cauda e as pernas, pareciam que estavam dançando…

Foto: Reprodução/Sem autoria

Outro personagem admirável de nossa fauna era a onça parda, também chamada de puma. Era um felino feroz e sempre que avistava humanos andando pelas matas essas onças desapareciam imediatamente. Por isso eram consideradas raridades…

Crédito Foto: Haroldo Palo Jr.

Os mochos habitavam as florestas aqui do interior paranaense e eram frequentadores nas matas de antigamente. Até eram confundidos com as corujas, mas eram outro tipo de pássaros, pois tem hábitos diurnos, sendo mais ativos em horários crepusculares, enquanto que as corujas dormem de dia e curtem as noites e madrugadas inteiras...

O mocho se alimenta principalmente de pequenos mamíferos, como ratos, mas também de outros pequenos vertebrados e insetos. Essa ave era considerada pelos antigos pioneiros com os “pássaros da boa sorte” e quando simpatizavam com uma pessoa ela lhe passava prosperidade...

Crédito Foto: Reprodução Pinterest

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