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RPM, a mais famosa banda da história do rock brasileiro
‘Revoluções por Minuto’ é o álbum de estreia da banda de rock brasileira RPM, lançado em maio de 1985 pelo selo Epic. É considerado um dos 100 maiores discos da música brasileira na top list da revista Rolling Stone Brasil.
O fenômeno RPM ganhava status de mainstream naquele ano e, até hoje, o registro de dois shows gravados no Anhembi, em São Paulo, figura entre os 10 álbuns mais vendidos no Brasil, com 3,7 milhões de cópias vendidas.
Com apenas nove músicas, sendo duas covers (“London London”, de Caetano e “Flores Astrais”, do Secos e Molhados), o álbum tocava sem parar nas rádios FM e festas do Brasil afora. Na TV, o registro, que também foi vendido em VHS em 1987, passava em todo programa voltado ao público jovem e em especiais da Rede Globo.
A banda explodiu retumbante em todas as paradas de sucessos e um dos motivos eram as letras, que falavam do cenário político da época, citavam torturas e o período tenebroso do qual o Brasil se livrara há pouco mais de um ano.
“Alvorada Voraz” tocando no rádio era a expressão máxima da liberdade de expressão, sem a temida censura que, anos antes, cortava músicas de bandas que se atreviam a protestar.
Com um trecho que dizia “Juram que não torturam ninguém, agem assim, pro seu próprio bem. São tão legais, foras da lei e sabem de tudo, o que eu não sei”, a então batizada geração Coca-Cola podia finalmente cantar e falar abertamente sobre a Ditadura Militar sem medo. A música que dá nome à banda, “Revoluções Por Minuto” é outro marco dessa geração, com uma crítica social ácida. A balada “A Cruz e a Espada” arrancou suspiros. Há também uma música instrumental, “Naja”, com os sintetizadores típicos dos anos 1980.
A dançante “Olhar 43” era hit em todo bailinho que se prezasse. E a convocação de “Rádio Pirata” era lei: “Toquem o meu coração, façam a revolução que está no ar, nas ondas do rádio. No underground repousa o repúdio que deve despertar”.
O líder e vocalista do RPM Paulo Ricardo, formado em jornalismo pela USP, morou um tempo em Londres, de onde escrevia sobre o que rolava de novidade na música européia.
Ao voltar pro Brasil formou a parceria com o tecladista Luiz Schiavon e criou o RPM.
O disco de estreia da banda já era um sucesso, com cerca de 600 mil cópias vendidas, mas a parceria com Ney Matogrosso que rendeu o show e o álbum, foi além. Naquela época, não era comum que gravações ao vivo fizessem tanto sucesso.
Imaginar que o grito histérico das moças durante os intervalos de cada música ou mesmo na introdução de cada uma se tornaria um sucesso era arriscado.
Mas o disco foi, sim, um marco na história do rock brasileiro.
O resgate de músicas como “London London”, escrita por Caetano Veloso enquanto vivia o exílio, e “Flores Astrais”, do segundo disco do Secos e Molhados, deu ainda mais valor ao disco.
O triste da história do RPM é que a banda não suportou o sucesso e terminou três anos depois da turnê marcada por desavenças entre os roqueiros. Até tentou voltar à ativa no início dos anos 1990 e em 2010, mas não decolou... Fim da história... Agora só nos resta relembrar aquelas canções que grudaram em nossa memória como chicletes e nos fazem felizes até agora... (ITALO FÁBIO CASCIOLA)