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NA TRILHA DA HISTÓRIA
As maravilhosas tardes de domingos no antigo Cine Guarani
Velhos tempos, belos dias em que as matinês eram uma paixão das crianças de Umuarama
Publicado em 07/05/2024 às 08:35 Ítalo
As maravilhosas tardes de domingos no antigo Cine Guarani

A vida passa tão depressa… A gente só confirma isso quando nota as mudanças à nossa volta. Mudanças de costumes, do cenário urbano e, principalmente, no modo de viver… E quando comparados os detalhes, são até chocantes!

E só aí a gente acredita que tudo mudou e que a cidade onde a gente vive não é mais a mesma em sentido nenhum. Até nós não somos mais os mesmos, pois as circunstâncias mudam o nosso estilo de existir.

Um desses fortes detalhes é quando comparamos a alegria de nossa infância e adolescência com a realidade da terceira idade. E, no caso de Umuarama, me salta à memória como um canguru o amado e idolatrado Cine Guarani – que foi o nosso paraíso de alegrias no já muito distante passado.

A BELA ÉPOCA DAS MATINÊS NO CINEMA

Eram os primeiros dias de janeiro de 1959, início das férias escolares. E nesse momento Umuarama ganhava o Cine Guarani, a primeira casa de espetáculos do gênero. Era um tempo em que a TV dominava em absoluto a diversão das famílias. Era transmitida em preto e branco, cores nada bonitas para nossos olhos…

Aos domingos e durante o período noturno das semanas era a única fonte de lazer. Então, quando o Cine Guarani iniciou suas atividades foi uma loucuuura… A estreia aconteceu no primeiro fim de semana daquele mês.

A construção começou em 1958 e durou seis meses e o local era bem no ‘coração’ da cidade, a Avenida Paraná (hoje próximo ao Choppatinhas), e ficou pronto todo equipado e mobiliado no fim desse ano. Tinha 600 poltronas de madeira e foi edificado em alvenaria, sendo uma das primeiras construções desse tipo quando predominavam as edificações em madeira de peroba. Esse primeiro cinema da Capital da Amizade foi um empreendimento lançado pelos irmãos Rafael, Bohdan e Marciano Baraniuk (este depois foi eleito prefeito!).

É importante frisar que naquela época aqui não existia luz elétrica, mas o Cine Guarani implantou sua própria força motriz: um possante motor a diesel que gerava energia e alimentava o equipamento que projetava os filmes na chamada “tela panorâmica”.

Também iluminava a calçada, a entrada e a bilheteria, além dos arredores e fundos do prédio. Depois de alguns anos na direção da Família Baraniuk, o Cine Guarani foi comprado pela empresa Araújo & Passos, de Botucatu (SP).

LONGAS FILAS NA CALÇADA DA AVENIDA PARANÁ

O Cine Guarani assumiu a liderança como principal lugar de diversão de Umuarama. Tanto nas matinês e nas 3 sessões noturnas de domingo como nas sessões noturnas da semana inteira formavam-se filas quilométricas para entrar no cinema. E, claro, não tinha espaço para acomodar todo mundo, até porque os preços dos ingressos não eram caros, pois vivíamos num período em que a economia brilhava com a alta produtividade da cafeicultura.

FILMES E ARTISTAS INESQUECÍVEIS!

Quem frequentou o Cine Guarani deve se sentir privilegiado em ter assistido as maiores produções cinematográficas do século passado, estreladas por artistas geniais. Naquela tela vimos O Gordo e o Magro, Charles Chaplin, Tarzan, Tom & Jerry, Ingrid Bergman, John Wayne (e muitos outros reis dos filmes de bangue-bangue), Clark Gable, Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor… A disputa nas telas era entre os filmes em preto e branco e os coloridos.

Filmes de Amácio Mazzaropi faziam retumbante sucesso na cidade. “Tristeza do Jeca” (1961) e “Jeca Tatu” (1959) eram adorados pelo público e ficavam em cartaz duas ou três semanas seguidas.

Mas os recordes de público aconteciam todo ano na temporada da Semana Santa com a exibição dos filmes da vida de Jesus Cristo. Incrível: as sessões especiais começavam às 9 horas da manhã e iam até o início da madrugada do outro dia. Vinha gente da zona rural e de todos os cantos da cidade, eram verdadeiras multidões.

Também marcaram época os filmes do Tarzan e os bangue-bangues. Durante a exibição, torcidas pelo “mocinho” sacudiam o cinema com gritos, batidas de pés, palmas e pulos barulhentos no piso de tábuas. Doideira total!

SOCIALIZANDO E A TROCA-TROCA DE GIBIS

Como toda época tem seus modismos, naquele tempo ir ao cinema além de ser uma forma de entretenimento era também um encontro social e, depois de assistir os filmes nas sessões das noites, na saída as pessoas se reencontravam para conversar nas mesas de um bar ou numa sorveteria. Depois de várias horas de copo e blá-blá-blá, as turmas seguiam juntas cada uma para o bairro onde moravam.

Mas a maior agitação da história do Cine Guarani sempre acontecia na calçada em frente ao cinema antes de começar as matinês dominicais. A molecada chegava logo depois do almoço, com pacotes de gibis, aquelas histórias em quadrinhos que eram uma verdadeira paixão!

E começavam uma verdadeira Feira do Gibi, num troca-troca de revistinhas repetidas entre a galerinha. Também aconteciam as permutas de figurinhas – naquele tempo eram lançados álbuns esportivos, de artistas de música e TV, de personagens de desenhos animados, enfim, era uma febre para os colecionadores de figurinhas.

Para tornar a Feira do Gibi mais saborosa e agradável, em frente ao cinema se formavam filas de carrinhos vendendo pipoca, amendoim torrado, doces caseiros, frutas e sorvetes. Os ambulantes, no final das matinês, festejavam as vendas altas e mostravam entusiasmo prometendo voltar no próximo domingo…

O MELANCÓLICO FIM DO AMADO CINEMINHA ANTIGO…

Em 1968 a cidade ganhou um novo cinema: o Cine Umuarama, edificado a poucos passos da Praça Santos Dumont. Ao contrário do Guarani, este tinha uma estrutura arquitetônica moderna, imponente e se destacava entre as outras construções do comércio daquela área nobre da Capital da Amizade.

E além de uma ampla sala de recepção, com galeria expondo belos cartazes gigantes de filmes e de uma atraente bomboniére, possuía 1.500 poltronas confortáveis, amplo palco e super tela, banheiros e bebedouros acolhedores. E as bilheterias eram várias, evitando filas desconfortáveis à espera de comprar ingressos.

O novo empreendimento era da empresa Araújo & Passos, dona do cinema velho… A novidade, é claro, atraiu todos os apaixonados por cinema, pois além de grandes lançamentos, o novo Cine Umuarama era uma beleza. A cidade, por sua vez, havia crescido e ganhado novas opções de diversão. E mais: surgiu a TV colorida, que segurava muita gente em casa com novelas e programas especiais.

Assim, o histórico Cine Guarani entrou em decadência, vivia vazio e teve um fim melancólico: em 1970 encerrou definitivamente as suas atividades. Poucos meses depois dessa decisão, foi demolido!!! Uma longa história virou cacos de cimento, telhas quebradas e caminhões carregando as cadeiras velhas para serem jogadas na periferia da cidade. Como a gente vê no encerramento dos filmes, repetiu-se com o antes tão querido cineminha: FIM!!! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

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