Trilha Da Historia
A história de Umuarama começou na Colônia Mineira ou na Praça Arthur Thomas?
Desde os tempos remotos até hoje ainda ninguém conseguiu decifrar um enigma, tão discutido entre os desbravadores e primeiros moradores de nossa urbe. Qual foi, definitivamente, o ponto de início da construção de Umuarama? Esse cabo de guerra de opiniões entre um grupo e outro não resultou em definição nenhuma quanto ao assunto, que, se antes predominava, atualmente ninguém está nem aí para esses detalhes…
Esmiuçando os nossos registros, constatamos que no começo da década de 1950, quando este território, fatiado em várias glebas, pertencia a diversos proprietários. Mas, o ponto de partida foi mesmo a Colônia Mineira, um pequeno amontoado de casinhas rodeando uma minúscula serraria, dotada de recursos primitivos para o beneficiamento de madeira.
Ali foi aberto o primeiro aeroporto, com uma pista extremamente curta, rudimentar e perigosa para o pouso de pequenos aviões, usada para o desembarque dos primeiros investidores que chegavam para conhecer as terras da região e, quiçá, instalar-se por aqui para investir na cafeicultura. Nesse lugar chegaram também os técnicos da colonizadora Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, prontos para executar o projeto de urbanização de Umuarama e da abertura das estradas na área de propriedade da CMNP.
O vilarejo surgiu em meio à mata que cobria a gleba que pertencia ao mineiro Raimundo Durães – cuja saga já contamos aqui nesta Trilha, por ter sido também o autor do batismo da cidade que foi fundada depois com o nome de Umuarama.
Portanto, essa tal Colônia Mineira, considerada a primeira porta de entrada para os desbravadores, estava de um lado da discussão do tema marco zero de Umuarama.
No outro extremo da questão, os pioneiros defendiam que o agrupamento de casas, a maioria destinada a atividades comerciais, erguido a partir de 1953 na região alta do projeto de urbanização – atual Praça Arthur Thomas – fora a base de largada da construção de Umuarama, pois antes disso tudo não passava de um descampado à espera de ser povoado.
Alegavam que o aeroporto e a Colônia Mineira não passavam de uma lenda e que havia “servido apenas para a chegada de uns poucos aventureiros” à procura de fortunas. Esse bate-boca predominava nos antigos botecos e, por sorte, sempre acabava em mais uma rodada de pinga pura e sem gelo…
Para dar um banho de água fria nos polemistas, uma ala de técnicos e funcionários da colonizadora CMNP levantava a bandeira de que a execução do projeto urbanístico partiu daquele espaço central (agora Praça Arthur Thomas), até porque ali funcionou por um período o primeiro escritório de vendas de terras da CMNP. E, ela, após fazer os serviços de terraplenagem abrindo ruas, avenidas e quarteirões, de imediato construiu o seu balcão de vendas de lotes, que funcionou no prédio de madeira afamado na época como “Sobradinho”.
Da ótica da colonizadora, Umuarama havia começado a partir dali, ou seja, só faltou ela erguer um monumento atestando para a posteridade o local como marco zero da nova cidade. Não existe nem mesmo como orientador geográfico, fixando a centralidade material da cidade. Ninguém atentou sequer para o simbolismo histórico que ele poderia ter…
Porém, existe ainda outro detalhe, que este repórter faz questão de colocar em debate e registrar para a posteridade: se for observada a importância da oficialidade da fundação de Umuarama, deveria ser levado em conta que a solenidade de fundação da cidade, momento em que foi assinada a ata pelos primeiros pioneiros exatamente na manhã do gélido domingo de inverno 26 de junho de 1955, esta aconteceu no barracão da colonizadora (onde durante décadas funcionou a Prefeitura), situado na esquina da Rua Arapongas com Avenida Maringá. Portanto, observando esse aspecto, ali naquele canto deveria ser fincado um belo monumento de mármore e bronze atestando esse memorável fato.
Podemos, ainda, citar o local da primeira missa, na mesma data, onde atualmente está situada a Igreja Matriz, outro evento igualmente valioso da memória do município. Talvez uma solução viável seria a instalação de monólitos, ou totens, em cada um desses locais atestando o seu valor histórico, afinal, em lugar nenhum de Umuarama existem marcos particularmente dedicados ao 26 de Junho, data máxima de nossa urbe; os que temos lembram personagens alheios a esse tema.
A questão em torno do marco zero foi perdendo tanto a sua (merecida) importância no decorrer dos tempos que até hoje, quase 70 anos depois de fundada a Capital da Amizade, ela não possui um obelisco ou qualquer outro tipo de escultura sinalizando o ponto de partida do processo de urbanização e povoamento… Nem sua população e ainda menos os turistas encontram esse tipo de referência, ao contrário da maioria das cidades brasileiras onde esse marco é tido como algo digno de ser cultuado.
Na periferia da cidade, mesmo antes da fundação, estavam instaladas serrarias que geravam empregos e rendas, que faziam com que o comércio no centro da pequena Umuarama prosperasse.
Sem querer entrar no âmago da questão apaixonada e polêmica, buscando preservar o bom senso da imparcialidade, é verdade absoluta que tanto a Colônia Mineira & arredores como o centro comercial precursor, ambos foram da mais alta e inquestionável importância para os que chegaram antes mesmo da fundação de Umuarama. Mas justamente esse blá-blá-blá todo que ficou no passado, é que tempera e confere sabor à História, sinalizando que os velhos umuaramenses de outrora, mesmo sem conhecimentos acadêmicos, exibiam todo o seu espírito de bairrismo por este ou aquele lugar da urbe que abriram com muito sacrifício.
Mas, o que pensam sobre isso os umuaramenses do Século 21??? Julguem e decidam: o marco zero de Umuarama é a Colônia Mineira ou a Praça Arthur Thomas? Opinem e passem esse tema à frente para os amigos, afinal, discutir a nossa História faz parte do pleno exercício da cidadania, principalmente os mais jovens que nasceram aqui… (ITALO FÁBIO CASCIOLA)