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EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL
A Ceia de Natal era preparada em fogão a lenha...
Uma tradição de quando ainda não havia fogões elétricos nem a gás
Publicado em 20/12/2023 às 13:02 Ítalo
A Ceia de Natal era preparada em fogão a lenha...

Desde priscas eras a Ceia de Natal é uma tradição planetária. Além das delícias na mesa, é o encontro de fim de ano das famílias e das legiões de amigos.

Como não existia a modernidade atual, tudo era preparado na cozinha dos lares antigos, sem luxo mas com a simplicidade de que tudo era feito com amor. Era um acontecimento esperado durante o ano inteiro, nem na virada do ano (Ano Novo) eram tão harmonioso e feliz como naquele jantar hiper especial celebrando o nascimento de Jesus! O amor e a fraternidade estavam no ar!!!

REINAVA A ARTE CULINÁRIA CASEIRA EXERCIDA COM MUITO AMOR!

Os preparativos começavam cedo na véspera do Natal. As donas-de-casa, animadíssimas, começavam a preparar as guloseimas que agradavam adultos e crianças. Tudo que era doce era disputado durante o dia... e antes mesmo da ceia. Uns bebericavam cervejotas durante a tarde, mas a galerinha queria doooces.

No ar respirávamos aqueles aromas inesquecíveis de nóz-moscarda, aniz estrelado, canela, orégano, mel, gengibre, cravo e outras tantas especiarias que invadiam a cozinha, onde nossas mães começavam a preparar bolos e confeites típicos natalinos. Todos esses ingredientes eram comprados nos armazéns de secos & molhados.

Nada de consumir industrializados, até porque os quitutes desse tipo cheios de adoçantes, colorantes e aromatizantes como os de hoje não existiam aqui em Umuarama. Era tudo natural!

A festa natalina daquela época era mais trabalhosa, artesanal mesmo. Era a verdadeira arte culinária caseira, temperada com muito carinho pelas mães e avós prendadas e exigentes com a qualidade e o sabor daquelas delícias que iam servir à mesa.

Tudo feito em casa, como mandava a tradição. Bolachas e bolos de mel. E criavam até o bemdito panetone, mas que era recheado apenas com uvas passas – nada de frutas cristalizadas que eles consideravam enjoativas e que às vezes provocavam vômitos em crianças.

Conforme as horas iam passando, elas davam o próximo passo: as comidas. Nem todo mundo era italiano em Umuarama, mas as massas eram unanimidade.

Macarronadas fantásticas, com molho de tomate natural e com aquele maravilhoso queijo parmesão puríssimo ‘made in Italy’ que os armazéns traziam de São Paulo ou Curitiba especialmente para vender nesta época. Não podam faltar as pizzas e as lazanhas.

A maioria da população tinha em casa, além do fogão a lenha, um forno no fundo do quintal, onde assavam pães e bolos durante o ano inteiro. E na temporada natalina era o lugar para assar todo tipo de carnes, principalmente costelas de boi e frangões. O sabor é infinitamente superior às carnes assadas em modernos fogões a gás ou elétricos – isso os culinaristas provam e comprovam. Essa ação começava no início da noite e seguia em frente, passando pela Ceia e na madrugada afora... É incrível como o pessoal tinha tanta ‘fome’ para passar a noite inteira comendo, comendo, comendo...

DESDE OS MAIS HUMILDES AOS MAIS RICOS, TODOS TINHAM UMA FARTA CEIA NATALINA

Os ponteiros dos relógios marcavam 23:30 horas... E começava o corre-corre das mães e avós, indo e vindo distribuindo as travessas pelas mesas espalhadas lá fora no quintal.

Dentro de casa era impossível, pois o calor era enlouquecedor (verão quentíssimo na parada + calor do fogão a lenha!). E a galera da família, parentes & amigos voava ocupando as cadeira e de garfo e faca nas mãos ‘atacavam’ as delícias que fumegavam o aroma encantador dos alimentos bem preparados.

Um detalhe que chamo a atenção: Alguns dos leitores podem pensar que estou me referindo às Ceias de Natal das famílias ricas, da ‘zelite’ do passado, mas não...

Desde os humildes trabalhadores até os poderosos fazendeiros tinham esse jantar celebrando a data especial com muita fartura e um cardápio variadíssimo. E sem mixarias, às vezes até sobrava comida para o almoço do Natal...

Era um tempo em que não se pensava em ganância, no egoísmo de economizar e ninguém era escravizado pelo dinheiro. Todo mundo vivia bem independente da classe social, pois de uma forma geral todos trabalhavam na agricultura ou na cidade o ano inteiro e tinham renda para poder ter uma mesa com os alimentos que uma boa saúde exige ter. Ainda mais num dia maravilhoso como é o 25 de dezembro! Seria injustiça consigo mesmo passar vontade ou fazer alguém ficar sem comer o que sonhava...

E isso acontecia porque o trabalho antigamente era valorizado pois os empregados recebiam excelentes salários dos empregadores. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

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