Trilha Da Historia
Festa do padroeiro de Umuarama tem mais de 60 anos!
Logo depois que foi celebrada a primeira missa, marcando a fundação de Umuarama, no dia 26 de junho 1955, os precursores da Igreja Católica iniciaram o movimento para a construção do primeiro templo da Capital da Amizade.
Tendo à frente os Freis Capuchinhos, começaram a ser realizadas quermesses e campanhas arrecadando donativos para a compra de materiais (madeiras, pregos e ferramentas) e a contratação de carpinteiros.
As despesas quer da capela como da casa paroquial, foram pagas por meio de festas organizadas por Frei Estevão Maria de Campo Magro, o qual deu início ao movimento religioso fundando a Congregação Mariana.
Três anos depois, estava pronta a Igreja, toda de peroba, novinha em folha. Anos depois é que seria idealizado um novo projeto, este para erguer uma igreja toda de material. Bem mais espaçosa e moderna - monumental eu diria -, em homenagem àquele santo que depois seria oficialmente escolhido como Padroeiro de Umuarama: São Francisco de Assis – essa que até hoje é chamada de Igreja Matriz.
A QUERMESSE TEM MAIS DE 60 ANOS...
Estas primeiras palavras foram para resgatar a memória de que a festa celebrando São Francisco de Assis, além de ser a mais antiga confraternização da comunidade, é um evento que marcou gerações. Desde o século passado, a programação é extensa, com missa solene, novenas e a concorrida benção dos animais – pois São Francisco de Assis é consagrado como o protetor dos animais e o padroeiro da Ecologia.
E não só de católicos, pois é uma promoção que atrai as famílias umuaramenses de outras religiões, tanto pela sua admirada organização, como pela variedade de opções de gastronomia e lazer que oferece a crianças e adultos durante vários dias da famosa quermesse que acontece na Rua Cambé.
A QUERMESSE QUE VIROU TRADIÇÃO
Ela conquistou popularidade imensa, tanto é que hoje a programação alusiva ao Padroeiro se estende aos dois salões paroquiais: Santa Clara e Frei Estevão Maria.
A quermesse desde que foi criada tem tendas onde funcionam as barracas atendendo o público vendendo alimentos: cachorro-quente, cocada, espetinho, sorvete, bebidas, entre outros.
Nas primeiras festas tinha até churrasqueiras que serviam carne bovina e frangos assados; nessa barraca dava até longas filas... Outra era a da sorveteria, que ficava lotada pela galerinha acompanhada pelos avós e pais saboreando a variedade de sabores. E ao lado havia o parquinho infantil com brinquedos para a garotada se divertir.
Outra barraca também era especial: uma cafeteria, vamos dizer assim, onde serviam um genuíno ‘café de coador’. A preparação e o atendimento ficava a cargo de um grupo de mineiros, que eram especialistas no assunto, afinal Minas Gerais tem o melhor café do Brasil! Além da deliciosa e tradicional bebida, a distinta freguesia podia saborear doces, bolos e salgadinhos – outra famosa ‘mineirice’.
Merece registro que a primeira grande quermesse de São Francisco de Assis aconteceu em 6 de outubro de 1957 – no final da programação daquele ano. Diante do estrondoso sucesso, o evento gastronômico seguiu acontecendo anualmente durante mais de 60 anos!
MÚSICA CAIPIRA E ‘CAFÉ DE COADOR’
Com uma pitada de nostalgia, vale recordar que nas antigas quermesses passeavam entre as mesas cantando e tocando os violeiros caipiras da época, alegrando a multidão. Entre um intervalo e outro, eles desfilavam pela lateral da rua unidos cantando uma canção especialmente escolhida. Todas as barracas eram enfeitadas com bandeirolas coloridas.
Quando ainda não havia energia elétrica (a Copel ainda não havia se instalado na cidade), a iluminação ficava por conta de lampiões a gás e querosene; depois, no começo dos anos 60, já com eletricidade, as lâmpadas modernizaram a quermesse.
A grande variedade de comidas e produtos da confeitaria caseira encantava tanto que os festeiros, além de consumi-las na festa, levavam cestas cheias para casa.
EVENTO ARRECADOU RENDA PARA CONSTRUIR IGREJA
A renda obtida com as quermesses foi aplicada na construção e melhorias da primeira igreja São Francisco, que foi toda edificada com madeira de peroba. Vale registrar que nessa obra teve a participação da colonizadora que investiu em materiais e carpintaria. Quando aconteciam as festas, a nova igreja, com uma bela arquitetura antiga (tinha duas torres), ficava rodeada pela população que comparecia em massa às missas, novenas e comemorações festivas celebrando o dia do padroeiro.
Até a meteorologia contribuía para o sucesso do evento: era primavera, tempo de calor, raras chuvas e muitas flores que eram usadas na decoração e que aromatizavam com doces perfumes as barracas.
Os umuaramenses ‘antigões’ do meu tempo, em que nós éramos crianças e adolescentes, ao ler esta crônica vão recordar com saudades dessas tardes e noites festivas maravilhosas. E, ao mesmo tempo, celebrar com alegria a longa vitalidade de um evento que durou a nossa vida inteira... A festa mais antiga da cidade! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)
FOTOS DO ACERVO DO AUTOR