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NA TRILHA DA HISTÓRIA
A cratera da Avenida Paraná que virou ‘atração turística’!
Umuarama é uma eterna vítima da erosão!
Publicado em 11/04/2023 às 20:28 Ítalo
A cratera da Avenida Paraná que virou ‘atração turística’!

Com a colossal devastação da cobertura verde para dar lugar a novas cidades e a vastas áreas para o plantio de café e de outras culturas, na segunda metade da década de 1950 a indústria madeireira foi responsável por toda espécie de construções, seja residenciais ou comerciais.

Então, tudo que havia sido construído na Avenida Paraná antes da fundação, em 1955, era de madeira, de preferência de peroba, por ser mais barata e muito resistente. Mas usava-se de um recurso para dar um aspecto de solidez nos salões maiores: a fachada era feita de alvenaria, com portas de ferro, que eram rebobinadas para cima e para baixo, e o restante da construção (parte interior até o fundo) era de madeira.

Bem depois é que começaram a ser erguidos estabelecimentos inteiros em tijolos, cimento e ferro. O grande drama vivido tanto pelos comerciantes como pela freguesia era a inexistência de asfalto em toda a cidade. Mas a aflição maior pairava na avenida central por ser mais movimentada.

Cheguei aqui em novembro de 1960 e vivi toda a minha infância e adolescência sempre nas proximidades do ‘centro da cidade’. Portanto, ninguém me contou, eu mesmo fui testemunha ocular do caos que se estabeleceu de ponta a ponta da via principal. Em dias de chuva a situação era desesperadora: as águas desciam em velocidade cada vez maior, conforme aumentava o declive da avenida, rasgando o arenito caiuá. Eram violentas enxurradas e a terra frágil se abria indefesa, mostrando as suas entranhas profundas na forma de valetas imensas ao longo de quarteirões.

Era comum interditar a Avenida Paraná, colocando troncos de madeira atravessando as duas vias para evitar acidentes graves. Crateras enormes e profundas e as chuvas formavam verdadeiras cascatas de água e lama misturadas com lixo, causando inevitavelmente uma fedentina nojenta.

Conforme as enxurradas desciam velozmente, lá na frente, próximo à Praça das Perobas (hoje a moderna Santos Dumont) formavam uma grande represa de águas sujas. Os comerciantes, para evitar que aquela imundície entrasse em seus estabelecimentos, mandavam construir muretas de cimento em cada porta, que funcionavam como diques para impedir a invasão. Mas a tragédia continuava mesmo após as chuvas, pois aquela ‘lagoa’ permanecia por vários dias e com o sol forte, imaginem o fedor que dominava o ‘coração’ da cidade. Pensem num cheiro podre que exalava colocando a população em risco de contaminação de doenças graves.

Para os motoristas e carroceiros que passavam pela avenida, o inferno era o mesmo: sempre algum azarado encalhavam naquele lamaçal. Só conseguiam sair do atoleiro com o socorro de motoniveladoras (no caso de caminhões pesados) e tratores (veículos menores).

Não posso esquecer da tristeza dos pedestres, principalmente as crianças, que atolavam até as canelas naquele barro, pois ainda não havia asfalto e nem calçadas... É inacreditável hoje imaginar que vivíamos numa situação caótica como essa naqueles velhos tempos.

É obrigatório registrar que a colonizadora, depois da derrubada da floresta que havia, só fez a terraplanagem dos terrenos e abriu praças, avenidas e ruas, mas não preparou a infraestrutura urbana.

Atualmente, qualquer loteamento lançado em Umuarama mesmo que seja distante lá pelos cafundós da periferia, é obrigado a oferecer asfalto, meio-fios, galerias de esgotos e águas pluviais, iluminação, etc.

A CRATERA GIGANTE QUE VIROU ‘ATRAÇÃO TURÍSTICA’

Em meados da década de 1960 aconteceram as estações mais chuvosas daquela época. Nos verões, além de muito calor, caíram fortes tempestades aqui no Noroeste paranaense.

E Umuarama foi uma das vítimas dessas tempestades, justamente porque ainda não tinha infraestrutura urbana.

Todos os bairros da antiga Capital da Amizade foram duramente castigados e as águas deram todo o poder ao maior inimigo deste território do arenito caiuá: a erosão!!! A geografia da então jovem cidade ficou completamente deformada por crateras de todos os tamanhos.

Aquela ‘paisagem lunar’ parecia um pesadelo em que a gente se negava a acreditar, mas era a dura realidade daquele passado já distante...

Lembro que o primeiro ‘buracão’ a ficar famoso na Capital da Amizade foi aquele que as enxurradas cavaram em plena descida da Avenida Paraná, a apenas dois quarteirões da então Praça das Perobas (hoje Santos Dumont). Ele surgiu assustadoramente na esquina com a Avenida Ipiranga. Além de situado na área mais movimentada da Umuarama de então, ali estavam os imóveis comerciais mais valorizados da época.

De tão portentosa, a cratera virou ‘atração turística’, pois todo mundo que passava pela Capital da Amizade queria conhecer aquela ‘coisa feia’. E era feia e grande messsmo. Em alguns pontos tinha 7 metros de profundidade e até 15 de largura e seu comprimento era de quase meio quarteirão...

E depois das chuvas, com o calor, aquele frágil arenito caiuá continuava esfarelando... Como demoraram algumas semanas para tapar aquele invasor topográfico, ele virou notícia estadual ‘ilustrando’ os principais jornais paranaenses daquele tempo...

Foi uma luta tremenda para acabar com a cratera. Tiveram que trazer terra roxa de outros lugares para preencher o imenso espaço aberto pelas chuvas. Não podiam fazer o serviço usando a mesma areia de nosso solo, pois a cratera renasceria na primeira chuva que caísse...

Por sorte não aconteceu nenhum acidente naquele ‘buracão’ e, por ainda mais sorte, ele não reapareceu nunca mais!!! Mas que ficou na memória de nossa gente, ficou.

IMAGINEM A CIDADE INTEIRA SEM RUAS ASFALTADAS...

Na próxima edição abordarei o ataque da erosão devorando as vias públicas de nossos antigos bairros, que até então desconheciam o que era asfalto, redes pluviais e de esgotos, calçadas, enfim, estavam em estado natural à mercê das poderosas forças da Natureza.

Só para encerrar Se hoje qualquer chuvinha assusta todo mundo em virtude dos danos que provoca numa cidade que acompanha a modernidade atual, vocês imaginem o medo que causavam as tempestades antigamente no coração e na alma de nossa gente. Depois delas caírem e o tempo voltando ao normal, era um ato de bravura caminhar ou dirigir num verdadeiro mar de lama... Hoje a gente chora de saudades dos velhos e bons tempos, mas também temos motivos para chorar de tanta sofrência que tivemos que superar!!! Aleluia!!! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

É inacreditável hoje ver a imagem dessa profunda cratera e saber que ela existiu na década de 1960 e foi provocada pelas chuvas em plena Avenida Paraná, a principal via pública de Umuarama, uma das cidades mais importantes do Paraná na atualidade... E, pior, é amargo saber que a erosão nunca foi dominada e ainda existe na Capital da Amizade.

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