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NA TRILHA DA HISTORIA (9)
A grandiosa corrida do ‘ouro verde’...
...atraiu gente do mundo inteiro!
Publicado em 01/07/2021 às 16:22 Ítalo
A grandiosa corrida do ‘ouro verde’...

A Mãe Natureza levou uma eternidade para construir aquela bela floresta fechada que existia no passado. Porém, a avassaladora primeira onda da colonização que aqui assolou entre 1953 e 1955 conseguiu devastar tudo o que havia. Dessa ação resultou um vasto clarão no meio da mata virgem, destinado à construção de uma futura cidade: Umuarama. Um exército de homens e máquinas chegou derrubando tudo, em nome da execução do mirabolante projeto da colonizadora CMNP para “plantar” mais um núcleo habitacional. Seguindo à risca todos os detalhes do primeiro traçado, com milhares de metros quadrados onde surgiriam depois os primeiros bairros, chamados de Zona 1, Zona 2, Zona 3..., em pouco tempo as frondosas sombras dos perobais deram lugar a um escaldante espaço de areia (ou arenito caiuá), espalhado por uma geografia acidentada e tortuosa.

Toda essa ruidosa obra chamou a atenção de gente de todos os lugares, atraída por um ímã de interesses e esperanças do aparecimento de um novo Eldorado, que prometia fortunas e um futuro radiante.

Já era prevista essa romaria, tanto é que a colonizadora logo de início foi instalando um ponto de ônibus, marco de chegada para aventureiros e colonos vindos de perto e de longe, numa multiplicidade de sotaques brasileiros e de línguas de imigrantes saídos até do outro lado do planeta. E instalou também um escritório para venda de propriedades, urbanas e rurais.

Estava dado o início da corrida ao ouro, ou melhor, uma maratona alucinada e febril do “ouro verde” que, como prometiam os “picaretas” (vendedores de terras, os antigos corretores), seria colhido em milhares de toneladas pouco tempo depois de plantado.

Na mesma velocidade em que chegavam os forasteiros, foram surgindo casas, residenciais e comerciais, ao redor daquele ponto de parada das “jardineiras” antigas. Ali também desembarcaram os sofridos “paus-de-araras”, depois de andanças por milhares de quilômetros vindos do Nordeste e de Minas Gerais.

Era um vai-e-vem de coletivos e caminhões chegando a todo momento, numa agitação épica antes (e depois) nunca vista, típica do descobrimento de um novo mundo...

Um pandemônio impossível de imaginar nos dias de atuais, pois era uma época em que Umuarama era carente em tudo, não havia absolutamente nada em termos de infra-estrutura para acomodar tanta gente que chegava todos os dias.

A maioria, logo depois de botar o pé no chão nesta Terra Prometida, saía em disparada e sem rumo, à procura de um lugar para trabalhar nas fazendas que estavam sendo abertas. Muitas famílias improvisavam acampamentos nas saídas para Cruzeiro do Oeste, Xambrê, Serra dos Dourados, à espera de emissários de fazendeiros que passavam contratando trabalhadores a preço de banana, muitos se acomodavam a troco da comida e de um teto em barraco coberto de palmito...

Essas são minúcias que a história oficial da colonizadora não conta e nem os “pseudos historiadores”, que vivem a papagaiar repetindo continuamente apenas a versão dos escribas contratados para enaltecer o que as colonizadoras da época bem desejavam. Até hoje ‘xeroqueiam’ esses escritos parciais de que aqui era a Terra Prometida e preparada para receber as legiões de colonos.

Na realidade, esse paraíso repleto de benfeitorias não se cumpriu. Repito uma delas: a ferrovia! Alguém aí já ouviu o trem apitando anunciando sua chegada à “Estação Umuarama”??? Outra: o clima não era propício para a cafeicultura, como faziam crer os picaretas aos compradores de terras. O cafeeiro não suporta frio, muito menos geadas... É típico da África, onde ninguém nunca ouve falar sequer em outono e inverno...

A grande verdade é que o que parecia um sonho, a olho nu se revelava um terrível pesadelo, principalmente para aqueles que chegaram com poucos (ou quase nenhum) recursos para iniciar uma nova vida. Este é apenas um preâmbulo para uma longa série de reportagens formando a coleção de livros “Memórias de um Repórter – Umuarama” que começará a ser produzida a partir de 2017, radiografando passo a passo essa odisséia monumental, com lances inéditos exibindo as entranhas dos fatos que marcaram a primeira década do ciclo de colonização de nossa cidade – e dos arredores.

Peça por peça, retalho por retalho, unidos um a um, formarão um trabalho de fôlego, resgatando com fidelidade e imparcialidade um retrato autêntico do passado. Algo inconfundível e sem similar em Umuarama, para ser lido com sensibilidade e guardado com apreço para a posteridade, pois, no fundo, é a História de todos nós!

Dispomos de um vasto acervo fotográfico e documental garimpado ao longo da nossa carreira jornalística, que agora investiremos nesta nova jornada de relatar a memória de nossa cidade e de nossa gente em livros de crônicas. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

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