SONHO DE CONSUMO
O alto preço do status de ter carro!
Sem dúvidas, um dos maiores drenos de dinheiro é o carro próprio. Sonho de consumo dos brasileiros e comum símbolo de status - o cidadão comum avalia sua riqueza dependendo do carro que você pilota -, este item é um grande atrapalhador de aportes e gerador de despesas, além de grande vilão que pode te deixar na infernal zona das dívidas.
Sustentar carro requer um esforço financeiro enorme. Por si só, o carro deprecia de valor a cada segundo. Comprado um carro zero, este já perde boa parte de seu valor no primeiro quilômetro rodado. Além disso, a realidade brasileira promove seguro veicular a preços obscenos, gasolina batizada mais cara que gasolina de qualidade do exterior e o nosso famoso IPVA.
Para o investidor, a simples ideia de NÃO ter um carro representa uma enorme liberdade de aporte e menor dor de cabeça. Entretanto, para algumas pessoas o carro é uma necessidade.
Para aquela pessoa que deseja adquirir um carro, ela deve obrigatoriamente se preocupar com os gastos envolvidos, principalmente os de mantê-lo. Se pudéssemos resumir educação financeira em apenas uma lição, seria a de gastar menos do que se ganha. E quando falamos em carro, os custos envolvidos em sua manutenção geralmente são proporcionais ao valor pago por ele. Não é uma regra irretocável, mas de modo geral um carro mais caro geralmente possui um motor mais potente, o que requer mais combustível para rodar, além de requerer maiores gastos com seguro e de IPVA (proporcionais ao valor do carro).
Na outra ponta, carros mais baratos são menos potentes, consomem menos, dependendo da idade nem pagam IPVA e o seu dono pode se dar ao luxo de talvez nem contratar seguro. Este pode apresentar maiores custos de manutenção, mas dependendo do carro, aquelas famosas oficinas populares de esquina podem dar conta de 90% dos problemas.
Logicamente, não é porque um carro de 5k é funcional que esse investidor frugal deva comprar um carro por esse preço. Se ele tem condições de comprar algo melhor, sem comprometer seu patrimônio, ele deve sim comprar. Afinal de contas, ele tem dinheiro para ter um conforto responsável.
Considerando o que foi descrito até aqui, sugiro que o investidor frugal que deseja ter um carro que não danifique perigosamente sua capacidade de aporte, que compre um carro que seja de no máximo 3 meses de rendimentos mensais líquidos.
O que mais se vê por aí são pessoas que compram carro que custa um ano de rendimento ou até mais, mas esse mesmo tipo de pessoa é aquela que está predestinada a viver na corrida dos ratos. Uma pessoa que ganha 2 mil reais por mês compra um carro que financiado custa no total 25 mil reais. Um carro destes está muito acima de sua capacidade de manter e ao mesmo tempo tentar aportar.
Não consigo imaginar uma pessoa comprometendo um ano de seu suor e trabalho para comprar uma coisa geradora de despesas, a não ser com o objetivo de se mostrar para os outros e aparentar estar bem na fita. Imaginando que esta pessoa vá trabalhar 50 anos durante sua vida, ela dedicará 2% de todo seu tempo de trabalho para a aquisição de um único bem, isso sem levar em conta a manutenção deste.
Um veículo de 6 meses de rendimentos já seria um pouco mais equilibrado, mas não o suficiente para que ele continue aportando da mesma forma que antes. Ainda não consigo imaginar uma pessoa dedicando meio ano de vida para a compra de um passivo.
3 meses de rendimentos líquidos para a compra de um veículo já acho mais razoável. É um montante o suficiente para comprar um carro que não é uma carroça, mas ao mesmo tempo não seja caro o suficiente para ameaçar os aportes. Em caso de desastre e haja PT (perda total) no veículo, não é um valor alto o suficiente para se perder os cabelos. As manutenções e os gastos envolvidos cotidianos para se ter esse carro caberão no bolso caso não seja um carro exótico.
EU SÓ GANHO UM SALÁRIO MÍNIMO. COMO FAÇO?
Pela regra, se você ganha mil reais poderia comprar um carro de 3 mil reais, que naturalmente seria um carro muito barato, com conforto quase zero, com décadas de uso.
Uma pessoa financeiramente equilibrada sabe que deve viver sempre, mais do que tudo, gastando abaixo de seus ganhos. E para isso, ela constantemente precisa reavaliar os gastos que está fazendo, bem como os gastos que gostaria de ter. Uma auto avaliação é necessária para saber se realmente há a necessidade de ter um veículo, tanto como se há condições de se ter um.
Muitas vezes algo está mais para desejo do que necessidade, duas palavras muitas vezes confundidas, mas que fazem uma grande diferença quando falamos em dinheiro. Na nossa realidade, carro está mais para luxo que um bem comum, então reavalie se realmente você precisa. Essa dica não vale apenas para quem ganha pouco, como também para os mais endinheirados.
QUAL O VALOR DO CARRO DO ALÉM DA POUPANÇA?
O carro que possuo corresponde ao valor de 26 dias de trabalho. Não porque eu ganho bem. Longe disso. É porque meu carro realmente está bem abaixo do que eu poderia comprar. Ele é um 1.0, sem seguro, básico, com mais de 15 anos de idade. Para mim está mais do que suficiente para andar do ponto A para o ponto B. Se eu fosse vítima de um assalto e levassem meu carro, não ficaria nem um pouco transtornado.
Para comprá-lo, juntei dinheiro na poupança durante 4 meses. Com o dinheiro na conta, procurei o carro pela internet, contatei o vendedor, vi o carro, transferi o dinheiro para a conta dele e o documento do carro para meu nome. Simples assim. Com este veículo, assegurei que minha capacidade aportiva seja pouco abalada.
FONTE: http://alemdapoupanca.blogspot.com.br/2018/01/quanto-custa-o-carro-frugal.html
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