CIDADE FANTASMA
Salto del Guairá está falindo...
O assunto mais palpitante na mídia paraguaia e argentina atualmente é a forte crise econômica sofrida pela cidade de Salto del Guairá, antes a preferida dos sacoleiros e consumidores brasileiros e hoje transformada num “cemitério de lojas”! A expressão está em todas as manchetes, acrescida do subtítulo “cidade fantasma”!
Jornais e canais de TV informam que nada menos que 1.400 fecharam e metade dos comerciantes saiu da cidade. A debandada inclui também as agências bancárias, que já não veem perspectivas para negócios.
Há 4 mil desempregados, número que deve subir para 11 mil ou mais, já que entre 20 e 22 negócios são fechados por dia, com uma média de 250 demissões diárias, segundo Víctor Stanley, representante do setor, em entrevista ao jornal argentino La Nación: "É lamentável, não vem nenhum apoio", diz Stanley.
Segundo ele, há cerca de 40 dias já havia pedido à ministra de Indústria e Comércio, Liz Cramer, uma injeção de capital no setor, para não haver demissões, mas até agora não houve nenhum avanço.
FATO QUE ESPANTA: CIDADE NÃO TEM NENHUM CASO DE COVID-19!
Curiosamente, Salto del Guairá não teve até agora nenhum registro de covid-19, doença que provocou as medidas de contenção do coronavírus, que incluíram o fechamento das fronteiras. Ainda bem, porque as condições de saúde do município são precárias.
O prefeito de Salto del Guairá, Carlos Haitter, também apresentou sugestões ao Ministério de Indústria e Comércio, bem como à Secretaria Nacional de Turismo. “Levamos três propostas, que eu acredito que devem ser implementadas em Salto del Guairá. A pandemia, sabemos quando começou, mas não quando termina, e como a nossa clientela do comércio é brasileira, dependemos da condição sanitária do Brasil, por isso deveríamos ir pensando em mudar de clientela", disse o prefeito, em entrevista à emissora GEN (e publicada no La Nación).
Ainda segundo o prefeito, isso não quer dizer que se deve esquecer a clientela brasileira, "que é a que mais impacta na economia da região". "Mas alguma coisa precisa ser feita enquanto não são dadas as condições para que as fronteiras com o Brasil se abram".
ESPERANÇA NO TURISMO INTERNO...
Uma das opções apresentadas pelo prefeito é o incentivo ao turismo interno. Ele citou a "megaobra" da praia artificial e da costanera, que deve terminar no final de novembro ou dezembro, executada com recursos municipais, basicamente.
Com essa obra, Salto del Guairá poderia se converter numa opção de veraneio, quando as condições sanitárias permitirem. "Temos muitas esperanças no setor de turismo e que os turistas sejam paraguaios. Encarnación (na fronteira com a Argentina) tem um antes e um depois de sua praia e costanera", diz o prefeito. Encarnación é um dos destinos preferidos dos paraguaios para passar as férias de verão.
O prefeito acredita que muitos paraguaios que costumam veranear fora do país ficarão impedidos, por causa das fronteiras fechadas. "Com uma boa promoção, Salto del Guairá pode se constituir num atrativo turístico para o próximo verão. Nossos compatriotas poderão, além disso, fazer suas compras, o que de alguma maneira reativará a economia", afirma.
Já o empresário Víctor Stanley tem uma ressalva: "É lamentável como o governo trata esta cidade. Faz onze anos que cheguei e não vi um ladrilho a mais. Imaginem uma cidade que vai inaugurar uma costanera e hotéis, mas sem assistência médica", ressalva. E completa: "No hospital regional, muitas vezes não temos nem balão de oxigênio".
DESEMPREGO PREOCUPA A TODOS
O desemprego nas regiões de fronteira, devido à paralisação do comércio, preocupa o governo paraguaio, segundo o ministro Hugo Cáceres, da Unidade de Gestão da Presidência da República, Hugo Cáceres. Ele diz que uma saída importante será a construção de moradias, para responder a um dos grandes desafios pós-pandemia. O governo prevê a construção de 1.500 casas em Ciudad del Este, Encarnación, Pilar, Salto del Guairá e Pedro Juan Caballero.
As obras serão desenvolvidas em coordenação com os governos dos departamentos e municipais. Serão os municípios que cederão os imóveis onde serão construídas as moradias. Além da construção de imóveis, que poderá gerar um bom número de empregos (não citado pelo ministro nem pela reportagem do La Nación), o governo também vai atuar no apoio ao empreendedorismo e também com programas de ajuda social nessas regiões. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)
FONTE: Portal "H2FOZ", de Foz do Iguaçu, e jornal La Nación, da Argentina
Confira as as imagens: O comércio paraguaio da fronteira antes da pandemia e atualmente em colapso: cidade deserta, um ‘cemitério de lojas’!