REALIDADE
Professor, profissão em extinção?
Se continuar o atual estado de coisas, muito provavelmente, em 2030 o Brasil terá de importar professores da Chi
Além de testar os alunos nas áreas de matemática, leitura e ciências, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) também aplica um questionário para conhecer melhor os estudantes de cada país. “Qual profissão você espera ter aos 30 anos de idade?” foi uma das perguntas presentes no questionário de 2015 e cujas respostas foram analisadas para levantar o perfil dos jovens que desejam ser professores no Brasil. É o mais recente levantamento feito sobre esse assunto no Brasil.
Realizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), o estudo partiu de uma amostra de 23.141 alunos de 15 a 16 anos espalhados por todos os estados. Desse total, apenas 3,3% (755 alunos, calculados com peso amostral) apontaram a intenção de lecionar. Uma minoria (24 jovens) vem de escola particular. O restante ou é de escola pública ou deixou o campo de respostas em branco.
Além de confirmar o baixo interesse pela carreira, o estudo mostra que a profissão também atrai alunos com desempenho inferior à média nacional no Pisa, que já é considerada problemática – o país aparece entre os últimos colocados em todas as áreas analisadas. Do total de 755 alunos, 634 estão abaixo do nível 2 em matemática, 494 abaixo do nível 2 em leitura e 546 abaixo do nível 2 em ciências. Este é o nível mais básico de proficiência na classificação da organização que realiza o exame, a OCDE.
De maneira geral, os resultados do estudo do Iede refletem a desvalorização da carreira, prejudicada pelo baixo salário e pela precariedade das condições de trabalho. Há anos nessa condição, a imagem da profissão foi afetada negativamente, bem como seu prestígio, tornando-a atrativa quase que exclusivamente aos jovens com baixas perspectivas em relação ao futuro profissional.
Como a entrada na profissão não é considerada difícil, ela seria um meio de ascensão mais fácil, como relataram outras pesquisas do gênero.
IBGE TAMBÉM CONSTATOU ESSA REALIDADE
Por outro lado, o IBGE apontou em 2018 que apenas 2,4% dos jovens brasileiros querem ser professores e 49% dos educadores não recomendariam a profissão a ninguém –embora amem o que fazem.
Dentre os motivos mais repetidos pelos entrevistados para a não recomendação da profissão estão os baixos salários e a falta de reconhecimento. Nunca os mestres foram tão desvalorizados neste País.
FONTE: Educação Brasil