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INÍCIO DE UMA NOVA ERA
O Homem pisa na Lua e nós na selva...
Como era Umuarama naquele dia? Primitiva, isolada, longe da civilização...
Publicado em 22/07/2019 às 17:48 Italo
O Homem pisa na Lua e nós na selva...

E lá se foram cinquenta anos... Isso mesmo 50, meio século! Era o dia 20 de julho de 1969, o homem pisava na lua! Naqueles tempos em que vivíamos longe da civilização, rodeados por um imenso território coberto de verdejantes florestas, aqui em Umuarama a maioria nem conseguia entender o que estava acontecendo...

“O homi pisou na lua, é? Tá doido, homi!” – diziam uns nas filas da padaria.

“Chegou, uai! Deu no rádio, abestado!” – respondiam bem humorados ao que viviam ‘antenados’ nas emissoras de rádio da época, único veículo de comunicação que a gente tinha por aqui...

“Nóis até ouviu ele falano lá da lua, dizeno que tava andando lá em cimão...” – detalhavam outros.

E LÁ SE FOI MEIO SÉCULO...

Hoje, tanto tempo depois, com mais de 60 anos vividos aqui nesta querida Umuarama, recosto-me na poltrona e ponho-me a recordar detalhes do que ouvi naquele memorável dia aqui em Umuarama. Afinal, era a conversa dominante, uns falando bobagens pela absoluta ignorância do que estava acontecendo, outros até exagerando na narrativa daquele acontecimento que para nós – e o mundo – foi a maior aventura do homem em todos os tempos!

Eu tinha em 1969 quinze anos de idade, estava cursando o ginásio, e havia tido aulas de Ciência onde aprendemos que não existia apenas a Terra no Universo e que outros mundos e galáxias existiam do lado de lá, ou melhor dizendo, ao nosso redor, porque a Terra era redonda...

E receber essa notícia ao pé do rádio, realmente, foi de estremecer. O pouco que a gente tinha aprendido na escola sobre o espaço sideral não era nada perante aquela estrondosa notícia de que o homem havia alunissado – pisado em solo lunar.

NO MEIO DA SELVA...

Umuarama, fundada em 1955, ainda era uma pequena aldeia em franco desenvolvimento, em clima de colonização. E o que se via era mata virgem e cafezais surgindo por todos os cantos.

Nossas ruas ainda não tinham asfalto - uma meia dúzia de quarteirões apenas na Avenida Paraná, no centro; o resto era um pesadelo em dias de chuva! A energia elétrica havia acabado de chegar no ano anterior, mas a iluminação abrangia apenas o centro; o resto usava lampiões a querosene. Não havia água encanada e muito menos esgotos; todos se viravam com poços e com as ‘casinhas’ (privadas) nos quintais. A absoluta maioria das residências era de madeira, peroba.

Televisão a gente ouvia dizer que existia bem longe daqui (só chegou a imagem da TV Tibagi depois de 1970)... A gente só veio a ver o Homem passeando na Lua várias semanas depois, naquele jornal Canal 100 que passava no Cine Guarani antes de começar um filme.

Fotos da conquista da Lua encantaram nossos olhos, estampadas nos jornais impressos, como o Estadão, que ainda por cima chegava com um ou dois dias de atraso (transporte lento por estradas de terra)... E nas páginas das inesquecíveis revistas O Cruzeiro e Manchete. Me lembro bem que levei uma na escola e agitei uma imensa galera que enlouqueceu para ver de perto aquelas imagens fantásticas. Foi a maior festa com ela nos recreios do Colégio Estadual. E quem teve sorte de comprar as poucas que chegaram na antiga Livraria Paraná (ainda hoje existe e é um recanto maravilhoso de cultura, especialmente Literatura) formava rodas de amigos para exibir, orgulhosamente, aquelas revistas – verdadeiros documentos de um dos maiores acontecimentos da História Universal – que, felizmente, nós estávamos vivendo naqueles dias.

E O FUTURO CHEGOU!

Isso fez também com que a gente colocasse os pés no chão, acordasse para a realidade, de que morávamos num recanto ainda primitivo e completamente isolado e muito distante das metrópoles, um lugar onde as notícias demoravam a chegar. Pelo rádio a gente só conseguiu ‘ouvir’, enquanto nas publicações a gente conseguiu ‘ver’ o que aconteceu em detalhes, pois elas trouxeram centenas de fotografias coloridas do maior passo que a Humanidade havia dado rumo a uma era moderna!

Tecnologia de comunicação cibernética (essa que usamos hoje), então, nem imaginávamos que um dia seria inventada... Alguém deste interior paranaense acreditaria se alguém dissesse que um dia seria inventado o tal ‘computador’ ou o tal ‘celular’??? Conversar com alguém de fora daqui, só por cartas, cuja resposta demorava semanas para chegar. Telefônia?  Foi criada uma tal de Cotusa, com meia dúzia de aparelhos, que davam mais problemas do que funcionavam...

Enfim, sinceramente, devo registrar que vivíamos numa era de atraso, meio que parados no tempo, porém sonhando que no futuro a nossa vida seria melhor, que também teríamos as ‘mordomias’ que existiam nas grandes cidades, como São Paulo e Curitiba...

E o futuro chegou!!! Hoje estamos conectados com todo o planeta aqui na internet. E a corrida espacial continua, porque até hotéis estão sendo planejados para vários outros planetas. É o turismo espacial destes tempos ultra modernos! E assim continua caminhando a Humanidade... (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

WWW.COLUNAITALO.COM.BR

Admirem algumas fotografias de Umuarama em 1960, anos da conquista da Lua! Untercaladas por imagens cósmicas... Acervo da Coluna ITALO; e NASA.

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