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INCLUSÃO
Pediatra Leslye Sartori é convidada para falar sobre autismo na Câmara dos Deputados
Especialista na área e mãe de uma criança com autismo, falará sobre o diagnóstico precoce de autismo.
Publicado em 24/09/2023 às 10:00 Ítalo
Pediatra Leslye Sartori é convidada para falar sobre autismo na Câmara dos Deputados

A  pediatra dra. Leslye Sartori Iria será uma das palestrantes do seminário "Políticas Públicas de Inclusão de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista”, na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF. O evento marcado para quarta-feira (27), reunirá especialistas considerados referências no assunto de todo o país.

O seminário é uma iniciativa da SUBTEA - subcomissão da Câmara para tratar de assuntos relacionados ao transtorno. Durante todo o dia temas como saúde, educação, esportes, tecnologia e direitos serão discutidos.

Mãe de uma criança com autismo e especialista na área, a médica de Umuarama recebeu com surpresa o convite, que partiu do deputado Augusto Puppio, do MDB/AP. "É uma honra muito grande falar sobre TEA ao lado de profissionais que são referências para mim. Aprendi nos últimos tempos que os sonhos que temos para o desenvolvimento das crianças com autismo só se tornarão realidade se discutirmos isso com toda a sociedade", explica.

MÉDICA FALARÁ SOBRE SAÚDE E TEA

Em seu momento de fala, a médica pretende abordar o papel do pediatra no diagnóstico precoce do autismo. "Esse é um tema muito importante para mim. O Brasil é um país de escala continental que tem realidades diferentes no atendimento a crianças com autismo, inclusive em nossa região. Famílias esperam meses por uma consulta. Nessa espera, muito tempo se perde e o tempo é fundamental para o desenvolvimento de uma criança dentro do espectro," explica a médica

Além de compartilhar sua experiência e vivência, dra. Leslye pretende apresentar dados e soluções. De acordo com ela, a pesquisa Demografia Médica no Brasil 2020 do Conselho Federal de Medicina (CFM), há no Brasil 43.699 pediatras em atuação. "Essa é a segunda especialidade com maior número de profissionais no país. Em contrapartida, especialidades importantes para o diagnóstico de TEA, como neurologia e psiquiatria infantil somam apenas 2 mil profissionais, geralmente concentrados em grandes cidades", detalha.

PEDIATRAS CAPACITADOS PODEM ACELERAR O DIAGNÓSTICO PRECOCE

Porta de entrada da atenção primária em saúde, o consultório do pediatra pode fazer a diferença para que o autismo seja diagnosticado e tratado o quanto antes. "Antes de chegar a qualquer outro especialista, a criança passou muitas vezes pelo consultório de pediatria. Hoje tenho essa certeza: o pediatra é a pessoa certa no tempo certo para identificar os primeiros sinais de autismo, aplicar testes de triagem, orientar a família e fazer os encaminhamentos necessários. Isso abre um mundo de possibilidades para essa criança e sua família. Por isso, é necessário que os especialistas dessa área sejam capacitados" diz.

CURRÍCULO DA RESIDÊNCIA MÉDICA PRECISA MUDAR

Outra mudança que será proposta pela médica é nos programas de residência medica de pediatria. "Por uma falha na nossa formação enquanto pediatras, o desenvolvimento fica em segundo plano. Antes é preciso tratar as viroses, gripes, resfriados, infecções. Mas tão importante quanto amenizar desconfortos e curar doenças, é ter um olhar diferenciado para as crianças. Isso precisa começar com uma atualização na grade curricular da residência", opina.

"NÃO EXISTE O TEMPO DA CRIANÇA, HÁ TEMPO CERTO PARA TUDO"

Mãe dos gêmeos Theo e Isadora, Leslye percebeu logo nos primeiros meses de vida que algo não estava certo. "Eu fazia o que há de pior para uma mãe: eu os comparava. Cheguei a pensar que minha filha não gostava de mim, pela dificuldade em se comunicar comigo, que é uma das características clássicas do TEA".

A própria médica decidiu agir. "A partir dos dez meses, ela ia a sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia. Eu ouvia das pessoas que estava sendo exagerada, afinal e deveria aguarda o tempo dela. Esse suposto exagero fez a Isadora melhorar antes mesmo do diagnóstico dela, que chegou quando ela tinha um ano e quatro meses. Hoje eu vejo que esse tempo da criança é uma falácia e existe um tempo certo para tudo. É por isso que eu sonho que todas as crianças tenham essa oportunidade", defende.

A sessão do seminário está marcada para às 9h da próxima quarta-feira (27) e poderá ser acompanhada pela TV Câmara.

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