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Obesidade infantil, uma realidade que preocupa o Brasil!
Ministério da Saúde estima que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso
Publicado em 02/06/2023 às 10:33 Ítalo
Obesidade infantil, uma realidade que preocupa o Brasil!

A obesidade infantil é a nova realidade entre crianças brasileiras, isso é o que dizem pediatras, nutricionistas e órgãos de saúde de todo o Brasil. Um recente levantamento divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde estimava que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade.

Outra pesquisa, feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que o Brasil tenha 11,3 milhões de crianças obesas até 2025, caso o Ministério da Saúde não encontre soluções eficientes para o problema nos próximos anos.

QUANDO UMA CRIANÇA É CONSIDERADA OBESA?

Para determinar se uma criança é obesa, é necessário calcular o índice de massa corporal (IMC). O IMC é uma medida que leva em consideração a altura e o peso das pessoas, sendo calculado o peso em quilogramas pela altura em metros ao quadro.

Uma criança é considerada obesa quando seu IMC está acima do percentual 95 para seu sexo e idade. Por isso, é importante que os pais mantenham os filhos em consultas regulares com o médico-pediatra para, assim que o problema for diagnosticado, ele indique o melhor caminho, com o auxílio de um nutricionista.

OBESIDADE INFANTIL AUMENTA...

"O que realmente nos preocupa é a tendência de aumento. No passado a obesidade era um fenômeno concentrado principalmente entre adultos, mas aos poucos ela foi atingindo também os adolescentes, as crianças mais velhas e agora as de menos de 5 anos", disse Inês Rugani, pesquisadora do ENANI-Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil.

O ENANI é uma pesquisa científica domiciliar com crianças menores de cinco anos que tem como objetivo estimar e avaliar parâmetros relacionados às práticas de aleitamento materno, ao consumo alimentar, ao estado nutricional antropométrico e à epidemiologia das deficiências de micronutrientes, segundo macrorregiões do país, zonas rural e urbana, faixa etária e sexo.

Inês Rugani é nutricionista e especialista em saúde pública chama a atenção para o fato de que o estudo identificou uma prevalência maior excesso de peso entre as crianças menores, de até 23 meses de idade, com 23% delas acima do peso. Os menores de 24 a 35 meses estão em segundo lugar (20,4%), seguidos pelos de 36 a 47 meses (15,8%) e 48 a 59 meses (14,7%).

"O fato de que as crianças menores têm uma prevalência um pouco mais alta do que as mais velhas aponta para uma perspectiva de piora no futuro", afirma. Segundo Rugani, meninos e meninas com obesidade correm riscos de desenvolverem doenças nas articulações e nos ossos, diabetes, doenças cardíacas e até câncer. "Crianças obesas têm ainda mais chances de se tornarem adultos obesos", diz.

Quais são as principais razões que explicam o crescimento no sobrepeso e obesidade entre as crianças brasileiras?

A obesidade infantil é resultado de uma série complexa de fatores genéticos e comportamentais, que atuam em vários contextos como a família e a escola. Segundo os especialistas, porém, os maiores responsáveis pelo aumento de peso entre as crianças brasileiras são os alimentos ultraprocessados.

Sucos de caixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e macarrão instantâneo são alguns dos produtos mais consumidos pelos pequenos atualmente.

Segundo Cintia Cercato, endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o Brasil passa há alguns anos por um processo de mudança no ambiente alimentar.

E se antes muitas famílias tinham dificuldade de acesso a alimentos prontos ou industrializados, hoje eles se tornaram mais baratos e disponíveis.

Entre as famílias entrevistadas pelo ENANI, a prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados chegou a 93% entre crianças de 24 a 59 meses e 80,5% entre crianças de 6 a 23 meses. Já o consumo de bebidas adoçadas atinge 24,5% dos pequenos entre 6 a 23 meses, 37,7% dos de 18 a 23 meses e 50,3% das crianças de 24 a 59 meses.

Além de muitas vezes terem um custo mais baixo do que os alimentos in natura, os industrializados também são propagandeados na televisão e na internet com um marketing muito específico para os pequenos.

"As embalagens são coloridas e com personagens, e nos supermercados os produtos ultraprocessados costumam ficar nas prateleiras mais baixas, na linha de visão das crianças. Dessa forma é difícil que os pequenos não sintam vontade de experimentar", diz Cercato.

FOTOS: Google Saúde no Ar

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