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UMUARAMENSE DE CORAÇÃO!
A MINHA HISTÓRIA DA CIDADE
O renomado jornalista Valdir Miranda conhece sua cidade como a palma de sua mão!
Publicado em 25/06/2023 às 21:27 Italo
A MINHA HISTÓRIA DA CIDADE

Como você olha para a sua cidade? Com nostalgia, com admiração, com respeito, com raiva, com carinho ou com indiferença? O porquê da pergunta? Simples: nossa cidade está aniversariando. É um momento muito mais que propício para uma reflexão Umuarama sobre seus sentimentos.

Eu, por exemplo, a vejo com nostalgia, pois vivi praticamente todos os momentos desta cidade, aos quais minha idade me permite recordar. E sinto saudade, às vezes, dos tempos da infância, da juventude (na minha geração não houve adolescência, você passava da infância para a juventude num piscar de olhos, ao menos os que eram da minha classe social, aquela de quem trabalhava). E a cidade avançava, atropelando a lógica de um tipo de colonização que deveria ir mais lentamente.

Minha cidade, porém, não era assim. Ela tinha pressa de crescer, de ir à frente do seu tempo e de suas condições. Nós tínhamos que acompanhar o ritmo. Sem pai, filho de costureira, aos sete anos engraxava sapatos na porta do Bar Carioca, ao lado das Casas Pernambucanas; dali para pacoteiro de bazar, aprendiz de alfaiate, de sorveteiro, de funileiro, de vendedor ambulante de discos ou de farinha de mandioca, até de padeiro (o entregador) pelas ruas da jovem e insaciável cidade. Isso num curto período da vida onde a infância e a adolescência se misturavam com a juventude e eu já me sentia “adulto” aos 17 anos quando tive meu verdadeiro emprego de “verdade”: radialista, de carteira assinada e tudo (afinal, eu já era gente grande).

Tudo isso (ou quase tudo), até a escola, sempre nas proximidades da Praça Arthur Thomas, nas primeiras décadas o “centro nervoso” da nova cidade. Tudo o que acontecia ou iria acontecer passava pelo Bar Carioca, não tinha outro jeito. Ali se sabia de tudo, ou quase, e de todos, ou quase. Assim, eu vivi a primeira idade e o resto no entorno da Praça Arthur Thomas, que foi o pulmão da cidade. Eu sabia de tudo, ou quase. E levei essa facilidade de relacionamento, essa curiosidade para o primeiro emprego “de verdade” no rádio.

Levado pelas mãos do gerente Clóvis Bruno, de saudosa memória, eu iniciava uma jornada que ainda não concluí, mais de 50 anos depois. Na imprensa acompanhei mais de perto a evolução da cidade.

E como eu admirava cada vez mais a cidade, eu estava fazendo parte, assim como outras milhares de pessoas, da história do polo da mais nova região do Paraná. E por isso a respeitava, pela sua capacidade de resiliência, tendo superado, ainda jovem, flagelos da natureza e da política.

E com raiva, por assistir uma cidade tão bonita, uma gente tão ordeira e trabalhadora, confiante ser tantas vezes prejudicada pela ação de políticas perversas. Nas nossas 16 eleições elegemos nove prefeitos distintos, mas tivemos, na verdade, 14 prefeitos. Isso em função de cassações e renúncias. Isso atrapalhou muito a nossa cidade. Por isso, eu a vejo com carinho.

Carinho que se sente pelo que você gosta, admira, respeita, sendo espezinhado e, mesmo assim, segue altaneira o seu destino que é coroado por uma história de superação.

Superação iniciada ainda antes de completar 10 anos, já que em 1963 foi alcançada por uma geada terrível que trouxe sérios prejuízos para nascente economia do noroeste. Doze anos mais tarde, essa cidade que admiro, que respeito, que tenho carinho, me emocionava e me enraivava no espaço de um ano.

Em 1975, veio a geada negra que encerrou de vez o ciclo cafeeiro na quase totalidade das regiões produtoras, levando queimando junto o presente e o futuro de milhares e milhares de famílias.

E, nesse ano, enquanto assistia ao início do maior êxodo rural da história do Paraná, via a minha cidade ser sacudida por outra tragédia, essa de natureza humana. O prefeito Hênio Romagnolli, então em seu segundo mandato, foi cassado pela Câmara de Vereadores.

Anos depois, teve a inocência reconhecida pela Justiça e se descobriu que fora vítima de maldade do ser humano. Mas já era tarde para a reputação de quem havia sido o primeiro vereador da cidade (então distrito de Umuarama), o primeiro prefeito, o primeiro deputado federal e o primeiro prefeito a conseguir um segundo mandato pelo voto da população.

E o povo foi levando essa cidade aos trancos e barrancos para manter os pilares que sempre a sustentaram: a confiança no futuro, o trabalho persistente, a vontade de empreender. Mesmo que quase no fim da década de 70 assistisse a outro tremor político de proporções elevadas: a renúncia do então prefeito João Cioni Neto, também em seu segundo mandato; tendo assumido o vice, Tuguio Setogutte, que também não concluiu o mandato tendo renunciado para se candidatar (e se eleger) deputado estadual.

Em seu lugar assumiu o presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Vieira. Na política, essa cidade não foi muito feliz na década de 70. Mas a admiração e o respeito crescem quando você percebe que a população resiste e insiste nos seus sonhos de vitória. A economia, antes dependente exclusivamente da agricultura, começou a diversificar no campo e na cidade. Novos tempos sempre surgem, a gente aprende que nossos erros e os erros dos outros nos servem de exemplos.

Seria isso verdade? Isso não se confirma, quando, em 2021, em plena pandemia do covid-19, explode o escândalo dos desvios de dinheiro público na administração municipal, provocando afastamento e posterior cassação legislativa de mandato do prefeito Celso Luiz Pozzobom. E assume o vice Hermes Pimentel da Silva que, devido aos recursos dos seus advogados junto aos Tribunais de Justiça, num momento é prefeito, num outro prefeito interino. E nesse momento em que minha cidade completa 68 anos de fundação, vê a administração municipal nesse impasse. E sofre com isso. Não é um aniversário alegre. Mas nós que vimos a cidade crescer para se tornar a que é, um dos mais importantes polos urbanos do Paraná, sabemos que Umuarama está pronta para superar mais esse obstáculo de natureza humana. E, em 2024, de novo vai às urnas para eleger quem vai administrar os recursos municipais; mas sabendo, desde sempre, que é o povo o que vai continuar a comandar seus destinos.

E viva Umuarama, nos seus 68 anos de fundação. (Valdir Miranda de Souza, radialista e jornalista)

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