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PESADELO NACIONAL:
Sem chuvas alimentos ficam + caros!
Agropecuária sofre seca histórica, que já destruiu colheitas e secou pastagens!!!
Publicado em 17/12/2021 às 08:29 Italo
Sem chuvas alimentos ficam + caros!

O Brasil vem atravessando a mais grave crise hídrica em 91 anos! A falta de chuvas em 2020 e 2021 reduziu colheitas e secou pastagens, diminuindo a oferta no campo. E a tendência é de que não haja muita trégua nos próximos meses: as previsões são unanimes de que essa seca vai continuar até o início do segundo semestre de 2022, deixando os alimentos cada vez mais caros.

A falta de chuvas atinge fortemente os estados do Centro-Sul desde 2020 e já provocou queda na produção de diversas culturas como café, laranja, cana-de-açúcar, milho, carne bovina, feijão, entre outros...

Não bastasse a redução de oferta, o baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas fez com que o governo acionasse as termelétricas, que produzem energia mais cara, elevando, assim, os gastos de produção das fazendas, indústrias e comércios, causando um efeito em cascata em toda a economia. Os custos com energia elétrica vão continuar pressionados por um bom tempo, afetando, principalmente a agroindústria, que consome mais energia do que os produtores. Naturalmente, isso vai aparecer no preço final dos produtos que o consumidor terá que pagar.

A agricultura e a pecuárias precisam de chuvas de novembro a março, que é o período desenvolvimento das plantas, para ter boas safras. O cultivo de hortaliças, que são plantas ainda mais frágeis, por exemplo, depende de irrigação constante. Apesar de já ter um efeito da estiagem nas folhosas, cenoura, por exemplo, o mais preocupante é se essa seca continuar em 2022 e não ter disponibilidade para irrigação.

O setor de carnes também precisa que chova para aumentar a qualidade das pastagens que alimentam os bovinos. A base da alimentação é pasto. Se não chove, há menos produção de pasto, menos boi gordo para o abate e o preço sobe... E já faz tempo que o consumidor enfrenta preços altos da carne por conta dessa situação que ninguém sabe até quando vai continuar.

A pecuária vem tendo uma redução da oferta por causa da falta de chuvas desde outubro do ano passado. O primeiro impacto foi a diminuição do boi de pasto. O segundo é o retardamento da engorda dos bezerros que estão desmamando agora.

Até os produtores que criam gado em confinamento também enfrentam aumento de custos com o milho e a soja por causa da quebra de safra causada pela seca. Esses grãos viram ração para os animais. Se continuar esse drama, a tendência para os próximos meses é de mais alta no preço do carne.

Isso deve ser resultado de um verão que tende a ser “pouco chuvoso”, o que reduz ainda mais a qualidade das pastagens, e de um dólar ainda muito valorizado em relação ao real, estimulando aumento da exportação e queda da oferta interna.

O frango e o ovo, que na pandemia viraram ‘substitutos’ da carne bovina, também ficarão ainda mais caros nos próximos meses. Nas granjas, o principal fator de pressão continuam sendo os altos preços da ração, que representa 75,8% dos custos de produção. Já os gastos com energia elétrica, usada para aquecer e resfriar os ambientes, representam apenas 1,35% dos custos dos aviários.

Nas plantas frigoríficas, o custo com energia é maior e está sendo repassado para os preços (ao consumidor), junto com outros custos: milho, farelo de soja, papelão, diesel. Em 12 meses, o preço nos mercados do frango em pedaços subiu 25%, enquanto os ovos registraram alta de 23%, segundo o IBGE.

A seca também pode aumentar ainda mais os preços do leite por causa da redução da oferta e aumento dos gastos com energia elétrica. A falta de chuvas tem prejudicado o desenvolvimento da alimentação volumosa do rebanho, que corresponde às gramíneas das pastagens, silos e fenos.

E, assim como na produção de carnes e ovos, produtores de leite convivem preços altos do milho e soja, além da energia elétrica.

A atividade leiteira utiliza energia elétrica para equipamentos como bombas de água, ordenhadeiras mecânicas, tanques resfriadores de leite, ventiladores, sistemas de irrigação, principalmente nos sistemas com maior tempo confinado ou irrigação. Em algumas propriedades, como as com pastejo rotacionado irrigado, o gasto com energia elétrica pode chegar até 50% do custo total de produção.

Os efeitos da crise hídrica ainda não foram totalmente repassados para os preços do feijão, que devem ter aumento daqui até o início de 2022, alertam os produtores. A alta do valor do alimento nos supermercados deve ocorrer por causa de uma queda na oferta da leguminosa em função da seca que atingiu as lavouras. Sem chuvas suficientes desde o ano passado, o desenvolvimento do feijão das 1ª e 2ª safras foi prejudicado, principalmente no Paraná, que é o principal estado produtor do grão.

Além disso, parte dos agricultores desistiram de plantar a 3ª safra entre maio e julho, que depende de 95% de irrigação, por causa da insuficiência de água nos reservatórios. Para o próximo ano, a Conab prevê um aumento da produção do feijão, mas destaca que a crise hídrica continua sendo um dos principais fatores que podem derrubar essa estimativa.

A menor oferta já impactou os preços no campo. O valor médio pago ao produtor pela saca de feijão chegou a R$ 288,22 em agosto, alta de 30% contra igual mês de 2020. Até julho do próximo ano, a Conab estima que a saca deve subir mais, para algo em torno de R$ 310,13! Vale registrar que os custos para produzir feijão também subiram, como a conta de energia (nas áreas irrigadas esse custo pesa mais) e preços de insumos, como fertilizantes e defensivos, que sofrem a influência do dólar.

O consumidor ainda não sentiu totalmente os efeitos da seca nos preços pois houve um pico de colheita de feijão nos meses de agosto e setembro. Passados esses meses, os impactos devem começar a aparecer...

Tem ainda o arroz, um dos alimentos preferidos de todos os brasileiros. A maioria da produção do arroz é irrigada e, por isso, os custos de produção aumentam com a conta de energia em alta. Os produtores também dependem dos níveis dos reservatórios para definirem a área que será plantada.

Dois fatores influem diretamente na intenção de plantio. Um deles é a disponibilidade hídrica: o produtor só pode plantar área para a qual tenha água suficiente. Ele não pode arriscar. O outro é o custo de produção, que aumentou muito em relação à safra anterior. Por outro lado, esses fatores não devem se traduzir em uma disparada de preço tão forte como a do ano passado. O preço do arroz deve se estabilizar em torno de R$ 5 o quilo.

Não vai subir aos níveis de 2020, mas também não vai baixar... O preço pago ao produtor pela saca de arroz está, agora, em um nível que consegue remunerá-lo, diferentemente do cenário pré-pandemia.

O preço do arroz estava defasado há muito tempo e aumentou na pandemia porque importantes países produtores, como a China e a Índia, trancaram as exportações e o Brasil acabou exportando muito. O preço ainda se mantém alto porque a demanda por arroz continua elevada.

É isso: Quem vive nas cidades, muitas vezes, nem se dá conta do valor da chuva, mas para quem trabalha no campo plantando e produzindo para os citadinos se alimentarem é um verdadeiro pesadelo essa longa seca que o Brasil está atravessando nos últimos dois anos.

EDIÇÃO: Italo Fábio Casciola

FONTES: Entidades agrícolas e pecuárias

WWW.COLUNAITALO.COM.BR

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