SE LIGA NÉ!!!
Flexibilizar não significa liberar tudo...
Em muitas cidades brasileiras, incluindo grandes metrópoles com São Paulo, já não existem mais restrições de horários de funcionamento e nem no limite de ocupação dos locais. Essa nova fase está sendo chamada de "Retomada Segura" e está acontecendo onde todos os adultos já foram vacinados pelo menos com a primeira dose da vacina contra o coronavírus. Mas as autoridades sanitárias e especialistas de diversas áreas da Medicina deixam claro que o fim de restrições no comércio não significa que pandemia está controlada!
Eles repetem à exaustão que todos os protocolos de proteção estão mantidos, como o uso de máscara, álcool em gel e medidas de distanciamento nos locais.
JÁ SE FALA NAS GRANDES FESTAS...
Diante dessa reabertura, de imediata surgiram as discussões sobre a realização das grandes festas populares, como Natal, Réveillon, Carnaval... Um fato que espanta e que vem repercutindo de forma explosiva na internet é que a Prefeitura do Rio já quer antecipar o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos - algo considerado pelos especialistas ainda muito precoce aqui no Brasil.
Em relação ao começo deste ano, quando o País teve uma forte alta nos casos e nas mortes por covid-19, o cenário de agora é melhor: a vacinação está avançando - não no ritmo desejado -, os números de infectados e mortos estão diminuindo, assim como as taxas de ocupação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). Mas tudo isso, somado à flexibilização do comércio, não quer dizer que a pandemia esteja controlada em qualquer local do Brasil, segundo especialistas vem repetindo aos veículos de comunicação para alertar a população brasileira. Mesmo que em São Paulo os índices de vacina estejam cada vez mais altos - mais de 60% no estado já tomaram pelo menos a primeira dose e mais de 26% estão com o esquema completo -, esse dado não significa que as pessoas estão 100% imunes ao vírus.
Vacina não faz mágica! – repetem em alta voz os cientistas. Segundo Evaldo Araújo, médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e professor da Universidade São Judas (SP), estar vacinado implica a diminuição dos riscos de ter uma forma grave da doença e, consequentemente, morrer. "Cobertura vacinal é desejável e impacta muito positivamente na redução de internações e óbitos, mas ela não implica no fim da pandemia", diz.
JÁ É HORA DE FLEXIBILIZAR?
Para Tiago Rodrigues, infectologista e professor da Unic (Universidade de Cuiabá), em Mato Grosso, a questão é complicada, pois é algo inédito e ainda desconhecido pela sociedade. "Qualquer decisão, em favor da economia ou da pandemia, teremos os prejudicados e os beneficiados", explica. Para ele, optar por decisões que priorizem medidas de lockdown ou restrições de circulação evita que mais pessoas morram ou sejam infectadas pelo coronavírus. Por outro lado, ser "a favor da economia" seria apoiar medidas de flexibilização no comércio.
"A pandemia gera mortos e doentes, é algo irreversível. As decisões a 'favor' dela impactam a economia e geram desemprego, além de levar a saúde mental para o buraco, mas as coisas não são permanentes, embora não seja um impacto pequeno", explica. "Eu, como profissional de saúde, opto sempre pelas medidas que ajudem a controlar a pandemia." Quando há flexibilização, há também maior risco da circulação do vírus e, eventualmente, pessoas vacinadas ou não podem desenvolver a doença, inclusive de forma severa, segundo Araújo.
"Abrir bares e restaurantes dessa forma, sem distanciamento ou uso de áreas externas, ainda é um risco apesar da vacina."
NO BRASIL, COBERTURA VACINAL AINDA É BAIXA
Para além de São Paulo, no geral, a flexibilização do comércio esbarra em algumas questões, segundo os especialistas entrevistados. O primeiro ponto, citado anteriormente, é a cobertura vacinal nacional: 23% da população total completou o ciclo vacinal.
"Temos que ter cautela. A cobertura vacinal avançou e melhorou muito, temos perspectivas de que irá melhorar neste semestre, mas ainda não atingimos níveis de cobertura que dão segurança em relação à circulação do vírus", explica Gilberto Martin, médico sanitarista e professor de medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Como ainda há circulação do vírus, isso gera um risco muito maior nas pessoas que ainda não foram imunizadas ou naquelas nas quais a vacina não gera a imunidade esperada. Por isso que os especialistas dizem que era possível "segurar mais um pouco", embora a população também já esteja cansada.
EDIÇÃO: Italo Fábio Casciola
FONTES: Entrevistas de médicos especialistas a agências de notícias