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REALIDADE ASSUSTADORA
É impossível acabar com a dengue!
Única alternativa: combater o mosquito nas áreas urbanas
Publicado em 06/03/2020 às 08:37 Italo
É impossível acabar com a dengue!

A maioria dos cientistas já chegou à conclusão de que é praticamente impossível eliminar o Aedes aegypti da face da Terra. Nativo do Egito – daí o nome aegypti –, ele é a espécie invasora mais famosa do Brasil. O mosquito é transmissor de doenças perigosas: a dengue, a zika, a chikungunya e a febre amarela. O Aedes é um seguidor do ser humano e ele vive onde o homem está – resumem os cientistas.

A maioria dos experts diz que a doença já se alastrou por quase toda a América. Sem um combate continental, é muito difícil riscar a dengue do mapa. Digamos que o Brasil pudesse, como num passe de mágica, conter o surto e reduzir drasticamente os mosquitos Aedes aegypti dentro de suas fronteiras. Assim mesmo, o risco de novas epidemias não estaria descartado. Na ausência de uma vacina contra a doença, brasileiros que visitassem os países vizinhos poderiam muito bem reintroduzir a moléstia.

A ÚNICA SOLUÇÃO É COMBATER OS FOCOS DE MOSQUITO!

O motivo que impede a erradicação da dengue é que o controle do mosquito tem de ser feito em cada residência. Com o inchaço das cidades, é impossível repetir o feito de Oswaldo Cruz, que baniu o Aedes aegypti em 1903, enquanto ele espalhava a febre amarela - doença muito mais séria que a dengue - por todo o Rio de Janeiro. Há quase 100 anos, o Brasil era um país rural e não havia mais que 20 milhões de brasileiros. O que está ao nosso alcance é manter a dengue sob controle verificando se há focos do mosquito em todas as casas e locais de trabalho.

É IMPOSSÍVEL ERRADICAR O MOSQUITO

Segundo o diretor do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fiocruz Amazônia, Sérgio Luz, já não se cogita mais “erradicar” o mosquito. Fala-se de controle. “Isto é aceitável: controlar o número de mosquitos em um nível tão baixo que não vai proporcionar grande transmissão de doenças”, diz o pesquisador.

Do Norte da África, o Aedes se espalhou para muitas outras partes do mundo nos navios de escravos do século 16 e em outras expedições marítimas. Os primeiros documentos sobre ele datam de 1762. Ele gosta de clima quente e isso foi essencial para ficar no Brasil. “É uma espécie exótica, chegou ainda na época da colonização e se estabeleceu muito bem”, conta Sylvestre. “Está presente no país inteiro, não é exclusivo de algumas cidades. Está em qualquer área urbana brasileira”. Há relatos de chegada do Aedes principalmente no século 19, em Curitiba (PR) e, no início do século 20, em Niterói (RJ), quando causava surtos de febre amarela urbana. Alguns pesquisadores acreditam que ele tenha começado a entrar também por via terrestre, pelo Paraguai.

A falta de saneamento básico e o escasso fornecimento de água encanada fazia com que as pessoas precisassem acumular água em reservatórios e vasilhas, lugares ideais para a fêmea do mosquito.

Com os estudos e esforços do médico sanitarista Oswaldo Cruz, o Brasil controlou o mosquito nos anos 1920 e chegou a declará-lo como “erradicado” na década de 1950. Mas, já resistente aos inseticidas tradicionais, o Aedes aegypti retornou nos anos 1960 para nunca mais nos deixar! Essa é a realidade!

PESQUISA: Italo Fábio Casciola

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