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UMUARAMA
Cidade nasceu num domingo gelado!
Manhã de 26 de junho de 1955, inverno antigo muuuito frio!!!
Publicado em 16/06/2019 às 14:27 Italo
Cidade nasceu num domingo gelado!

Em raríssimas exceções, seja por razões climáticas ou econômicas, o 26 de Junho passou em branco, sem comemorações. Tradição é tradição e, por se tratar da data da fundação da nossa Umuarama, a comunidade nesse dia amanhece em festa, engalanada de cores e embalada pelas notas musicais dos shows das bandas, fanfarras e cantorias pelos quatro cantos da cidade.

Afinal, nada mais justo que celebrar a cada ano o início de mais um inverno em nossas vidas e na vida de nossa Capital da Amizade, a nossa urbe, o nosso berço, a nossa Mãe-gentil. Sempre foi assim e, Deus queira, que essa tradição continue ao longo do futuro.

Mas, que tal parar por um instante para tentar imaginar como foi aquele dia 26 de junho de 1955, data memorável em que aguerridos desbravadores fundaram esta nossa amada Umuarama. Data em que plantaram aqui no coração da mata virgem de outrora um minúsculo lugarejo, com poucas casinhas e sem absolutamente nenhum vestígio de civilização e desenvolvimento.

Era um pequeno clarão nessa selva habitado apenas por uma pequena colméia de laboriosos colonos que, entusiasmados, fundavam naquele momento “uma cidade para o futuro”.

Era o dia em que se iniciava um sonho, em que se abria um novo horizonte de esperança de fartura nessa Fronteira Agrícola que nascia no então ainda subdesenvolvido Paraná. Mas, que já era sonhado como o futuro florão da prosperidade do Sul do País: a terra da fartura em que reinaria absoluto por décadas o Ouro Verde, aqueles grãos que valiam ouro no Brasil e pelo mundo afora...

Então, como foi aquele distante 26 de junho que celebramos mais de meio século depois? O que realmente aconteceu no decorrer daquelas 24 horas? Não há registros nem mesmo nos órgãos oficiais e nem nos acervos da colonizadora, que há muitos anos fechou seu escritório de administração.

Para preencher essa lacuna histórica, me pus a revirar meu baú de cadernos de anotações, onde estão documentadas as antigas entrevistas-depoimentos de velhos pioneiros que viveram aquela época, autênticas testemunhas oculares de fatos e aventuras memoráveis, que deixo lavradas aqui neste livro para a posteridade.

Gente de coragem e valor que já não está mais entre nós. Eles me contaram detalhes do dia da fundação. E são estas memórias que perpetuam a passagem daqueles desbravadores, são estes escritos reunidos nesta obra que ficam como marcas que resistirão ao tempo e sempre serão revistas pelos leitores que irão passear pelos textos e imagens destas páginas que misturam saudade com história.

Como num divertido quebra-cabeças, fui juntando peça por peça, alinhavei detalhe por detalhe, frases curiosas e épicas de um e de outro. Adicionei como tempero aos relatos, fotos raríssimas e ainda inéditas, que comprovam os acontecimentos vividos por aqueles heróis dos tempos idos da abertura deste território.

Pronto, depois de tanto garimpar aqui, ali e acolá, acabei reconstituindo um roteiro preciso do primeiro dia da cidade, interessante e ilustrativo, após ser batizada oficialmente de “Umuarama”, pois o processo de sua abertura e construção na verdade começou pelo menos dois anos antes, quando isso tudo ainda era a Gleba Cruzeiro...

Como ponto de partida deste relato - um ‘diário de bordo’ diria -, friso que aquele 26 de junho de 1955 era um domingo. Mas daqueles antigos domingos de inverno, gelado mesmo. Não chegou a gear, mas uma brisa polar fazia até os ossos doer.

Exatamente às 6 horas manhã, na ponta da pista do aeroporto recém-aberto no meio de um imenso tapete de mata verde e virgem, foi erguido um mastro improvisado, usando um tronco fino e alto de um coqueiro (ainda com as folhas no topo) cortado na mata. Enfeitado com bandeirolas coloridas, que pareciam adereços de festa junina. E nele, foi hasteada a bandeira brasileira.

Os poucos presentes à remota cerimônia de inauguração, todos dirigentes da colonizadora que haviam acabado de chegar naqueles pequenos “teco-tecos”, entoaram o Hino Nacional. Nem discurso houve, tão violento era o frio agravado pelo vento que assobiava pela pista do aeroporto.

Alguns minutinhos depois, diretores da colonizadora rodearam uma placa, cravada ao lado da pista de terra do aeroporto, que haviam trazido já pronta e pintada com o nome do lugar que estavam batizando: “Umuarama”. Rápidos, deram por inaugurado aquele simples marco histórico.

Apressada, a caravana seguiu para o “centro da cidade”, na verdade um amontoado de casinhas que dava para contar nos dedos das mãos. Uns foram em jipinhos da colonizadora, outros amontoados em caminhões “paus-de-arara”, ou em pequenas carroças. E quem tinha cavalos, foi a galope por uma estradinha meio esburacada e tortuosa que levavam até a próxima “cerimônia” inaugural...

Na verdade, essa parada era o barracão da Cia. Melhoramentos, onde a colonizadora destas terras amontoava ferramentas, material topográfico e outras traquitanas de serviços, que anos mais tarde virou “Prefeitura”, “gentilmente emprestada” quando Umuarama virou município e nem sequer oferecia espaço suficiente para funcionar o Poder Executivo.

Nesse cenário rústico e improvisado foi celebrada a fundação de Umuarama. Além dos ‘manda-chuvas’ da colonizadora, estavam comerciantes, uns poucos fazendeiros e sitiantes, populares e aqueles curiosos de sempre que nem sabiam o que estava acontecendo, mas lá estavam fazendo número na platéia...

Ali teve um curto e emocionado discurso sim, proferido pelo notável empreendedor da época Hermann Moraes de Barros, comandante da Cia. Melhoramentos. Ato seguinte, todos foram convidados a assinar a ata de fundação.

O tempo passava rápido. O grupo, em seguida, a passos largos caminhou um pouco mais de uma centena de metros, no meio do poeirão que o ventinho levantava, até chegar onde havia mais outro aglomerado de gente.

Num descampado, o frei Estevão Maria esperava com paciência para celebrar a primeira missa, que ocorreu naquele chão acidentado, há poucos dias aplainado por uma motoniveladora da colonizadora (hoje o quarteirão da Igreja Matriz). Na falta de um altar, uma mesa rústica coberta de um manto branco. No lugar, fez um mutirão de voluntários para erguer um pesado cruzeiro de madeira, que durante décadas ali permaneceu lembrando aquele acontecimento histórico.

Um simbolismo com toques de forte emoção e fé. Por mais simples, marcava o início da história de uma nova cidade e a presença da Igreja Católica, rememorando a missa que celebrou o descobrimento do Brasil...

Fim da cerimônia religiosa. O grupo, que já era bem mais numeroso que aquele que veio do aeroporto, pois havia se somado aos desbravadores que estavam na “cidade”, iniciou uma caminhada de alguns quilômetros de volta ao ponto de partida do memorável dia.

De regresso ao tosco aeroporto, a poucos passos, no meio da mata – onde já existiam a Colônia e a Pensão Mineira -, aconteceu uma churrascada confraternizando todos os que participaram daquelas horas de jornada que estamos recordando agora, seis décadas depois...

Com tábuas foram feitas mesas e bancos na Serraria Mineira, instalada ali pertinho. O cenário era realmente incrível e inimaginável nos dias atuais: à sombra daquelas frondosas e centenárias árvores da mata, centenas de ‘colonos’, a maioria homens, comeram deliciosas e exóticas carnes de animais selvagens, caçados no dia anterior. Estavam esfomeados, afinal, haviam passado a manhã inteira caminhando e sentindo frio.

Beberam cachaça em escala industrial. E, pasmem!, até dançaram por entre os troncos das árvores, embalados por uma ‘orquestra’ de músicos trazidos de fora pela diretoria da colonizadora.

A maior parte do repertório era de músicas de Minas Gerais, para atender o romântico gosto da maioria dos ‘convidados’. Músicas caipiras, boleros e tangos, hoje quase todas esquecidas, fizeram a alegria dos festeiros naquela tarde histórica.

O ‘baile na floresta’ foi acabar no início da noite, quando o frio voltou, cruel e ainda mais terrível do que na madrugada anterior. O manto negro da noite abraçou aquele lugar. Algumas fogueiras, nas pontas da pista do aeroporto e próximas aos acampamentos, à pensão e à serraria, foram acesas. Para espantar onças e outros bichos noturnos que saíam para vagar e caçar alimentos para o seu sustento.

Um silêncio cavernoso, entrecortado pelos pios de corujas e de um coral de sapos que habitava um brejo nas cercanias. E o céu, com todo o seu esplendor de azul pontilhado de cintilantes estrelas, mandando avisar que a madrugada seria congelante!

Fecharam-se as cortinas do memorável 26 de junho de 1955. Quem dormia, nem sonhava que aquela data seria cantada em verso e prosa pelas gerações sucessoras. Esses desbravadores, sim, fizeram História! Nasceram predestinados a fecundar uma cidade, dom e sorte que pouquíssimos mortais têm o privilégio de ter. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Edição: Thais Polesi

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(*) Esta e muitas outras crônicas sobre a História de Umuarama estão no livro “Memórias de um Repórter”, que pode ser lido na Fundação Cultural e em todas as bibliotecas públicas, de escolas e de faculdades da Capital da Amizade. Ele foi lançado sem fins lucrativos, portanto não está à venda em livrarias e bancas.

Um ato de fé e de esperança de uma colméia que começava a maior aventura de sua vida: a Primeira Missa, celebrada por Frei Estevão Maria.

Momento marcante da primeira missa: Grupo de desbravadores ergue o pesado Cruzeiro, no local onde hoje está situada a Igreja Matriz de Umuarama.

A cena da missa de descobrimento do Brasil (em 1500) repetida, século após século, pelo País inteiro na fundação de milhares de outras cidades sob o manto da fé cristã.

Um “monumento” alusivo ao dia da fundação da Capital da Amizade: A placa que indicava o aeroporto da nova cidade que surgia no território paranaense.

Capa do livro “Memórias de um Repórter”, que pode ser lido na Fundação Cultural e em todas as bibliotecas públicas, de escolas e de faculdades da Capital da Amizade. Ele foi lançado sem fins lucrativos, portanto não está à venda em livrarias e bancas.

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