A REVOLUÇÃO VERDE
O futuro da agricultura é digital
A sociedade mudou e muda constantemente. Antigas formas de realizar procedimentos, aos poucos, vão sendo substituídas por ferramentas, máquinas e novas tecnologias que realizam as tarefas com foco em precisão e exatidão.
Futurologistas falam sobre o fim do trabalho humano. Estima-se que 65% das crianças que hoje estão começando o primário irão trabalhar em empregos que ainda não existem.
A mudança é tamanha que nenhuma esfera ficará de fora. Nem muito menos o maior encarregado pelos saldos positivos da economia brasileira: o agronegócio.
Responsável por metade de tudo que é comercializado para fora do País e contribuindo com 21% para o montante do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2017, o agronegócio é mais um campo que vem se submetendo a revolução digital semelhante a que a sociedade vem vivenciando.
Foi a inserção das atuais tecnologias de informação e comunicação (TIC), no meio rural, que fizeram com que a agricultura alcançasse os patamares no qual está presente hoje.
As previsões para o planeta indicam que entre as principais demandas para os próximos 50 anos estão água, alimentos e ambiente. Estamos sendo impulsionados a pensar em estratégias de produção com caráter cada vez mais sustentável, visto o estado crítico global para os próximos anos.
São preocupações relacionadas ao crescimento constante da urbanização, a escassez dos recursos naturais, as mudanças climáticas, a demanda por alimentos e outros.
Fica estabelecido que a produção agrícola precisa aumentar, paralela com a produtividade, mas sem que para isso haja um aumento na área plantada.
Mais do que nunca, nós, sejamos produtores rurais, empresas especializadas, centro de pesquisas ou até mesmo meros consumidores, devemos nos posicionar frente ao cenário já estabelecido e perguntar-nos qual é o nosso papel e de que maneira podemos fazer com que toda inovação disponível de fato gere os resultados esperados.
As novas tecnologias surgiram, e estão sendo inseridas pouco a pouco no campo, com o objetivo de atender a estas preocupações e maximizar o uso dos recursos disponíveis.
Os maiores eventos de tecnologia para o agronegócio do País há tempos buscam por empresas que tenham no seu DNA a inovação como foco.
As ferramentas estão transformando o meio rural e a mentalidade de quem está nele. Há maior aproveitamento dos recursos no momento em que as atividades realizadas de forma precisa viraram aliadas do homem do campo.
E os resultados já estão sendo comprovados e aprovados por quem aderiu a esta nova forma de fazer agricultura.
A partir do momento que as informações passam a ser coletadas e armazenadas em grandes bancos de dados elas adquirem um potencial de análise muito maior. Números, antes imprecisos, agora são exatos e acarretam em ganhos para o produtor.
A principal vantagem passa a ser a racionalização: de custos, insumos e maquinários.
E os exemplos são vários e vão desde a inserção de uma Agricultura de Precisão até o monitoramento das máquinas via celular.
Começam por sensores ligados à internet e dispersos em toda a propriedade agrícola que passam a gerar dados em grande volume, que serão armazenados, filtrados e analisados.
O resultado é um ambiente conectado que produz informação suficiente para que não haja mais desperdícios, nem de produtos, nem de tempo. A ideia é que correções e ajustes sejam feitos cada vez mais depressa, sem que o manejo sofra amplas interferências.
Por trás do conceito de agricultura digital está o de ‘‘agricultura 4.0’’. O termo faz referência à inovação que teve origem com a indústria automobilística alemã, quando foi inserida a automação nos processos de produção.
A Agro 4.0 vai englobar o armazenamento de informações geradas em grandiosos bancos de dados que recebem o nome de Big Data, em Tecnologia da Informação.
Os dados também poderão ser gerados via satélites, que irão monitorar as lavouras e formarão relatórios precisos, juntamente com as imagens captadas por drones.
Não esquecendo a ‘‘Internet das Coisas’’, que possibilita a ligação do mundo físico à internet. Máquinas, implementos, veículos, residências, são inúmeras as ‘‘coisas’’ que podem se conectar, informar situações e receber instruções.
As possibilidades são numerosas e ao mesmo tempo acessíveis, pois partem de evoluídos estudos para serem aplicados por quem enfrenta dia-a-dia a falta de subsídios para a tomada de decisões mais estratégicas e vantajosas.
Alinhado ao conhecimento cientifico e técnico tem também o maior de todos os conhecimentos, aquele que é adquirido com as experiências no passar dos anos. Neste sentido, a troca de conhecimento entre técnico e agricultor é uma contribuição a mais para que a tomada de decisão passe a ser estratégica e comprovada em dados e análises.
A realidade aqui proposta é inédita e inovadora e, portanto, recheada de desafios a serem superados.
O primeiro deles começa em como totalizar o acesso à internet no campo. Embora os avanços na ciência e na tecnologia tenham sido tamanhos, ao ponto de estarmos falando em uma Agricultura Digital, é do nosso conhecimento que muitas localidades ainda dispõem de uma conectividade precária e de serviços de telefonia problemáticos.
A falta de capacitação dos ‘‘profissionais do futuro’’ para trabalhar com questões que fogem da bolha de conteúdos institucionais e passam a abarcar técnicas de outras áreas (como Tecnologia da Informação, por exemplo) também abala o desenvolvimento dessa nova era tecnológica no campo.
A uniformidade dos processos e, consequentemente da produção, só será possível se quatro principais fatores estiverem integrados: tecnologia -> acesso -> homem e capacitação.
Estamos nos referindo a uma mudança de conceito que precisa mexer com as estruturas de todos os envolvidos.
O assunto já deixou de ser tendência e virou realidade. Nos encaminhamos cada vez mais rápido para um futuro incerto e com escassez. A garantia de que as futuras gerações tenham o básico em termos de alimentação e bem estar passa pela incorporação das tecnologias de informação e comunicação também – e principalmente – na produção agrícola, já habitual em render extensos números.
A evolução apresentada gera benefícios para o pequeno, médio e grande produtor, além de propiciar melhoria de renda e aumento da oferta de produtos também para o país. O futuro da agricultura passa por aqui.
Pesquisa e texto final: Italo Fábio Casciola
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