PREPAREM OS BOLSOS!
Todos vão sofrer com a alta do dólar!
A alta do dólar, que atingiu o maior patamar dos últimos dois anos, deve afetar o orçamento das famílias. Com a moeda americana acima dos R$ 4, produtos como pão francês, macarrão, material de limpeza e gasolina poderão sofrer novos aumentos. Setor da panificação é um dos mais afetados. Nos últimos três meses, preço do trigo subiu até 25%. Impacto no valor do pão ficou entre 5% e 10%. Padarias já registram redução no consumo.
Na última quarta-feira (22), o dólar atingiu o patamar mais alto dos últimos dois anos, fechando a R$ 4,06. Os reflexos dessa escalada da moeda americana devem chegar ao bolso do consumidor. O pão francês, o macarrão, os produtos de limpeza, a gasolina, os itens eletrônicos e até mercadorias vindas da China ficarão mais caras. Apesar de a moeda ser americana, produtos comuns do dia a dia são influenciados por sua variação.
O setor da panificação deve ser um dos mais impactados pela alta do dólar, pois o Brasil não é autossuficiente na produção de trigo e o cereal é precificado em dólar.
O professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Marcelo Kfoury explica que cerca de 10% dos produtos da cesta básica contém matéria-prima cotada no mercado financeiro internacional. "Arroz, feijão e petróleo, por exemplo, fazem parte das negociações no exterior", afirma.
Para o especialista, a situação é complicada porque só agora é que a inflação está se recuperando da greve dos caminhoneiros. "Com essa disparada do dólar, não haverá fôlego. Os preços vão continuar subindo durante os próximos meses", diz.
O setor da panificação deve ser um dos mais impactados pela alta do dólar, pois o Brasil não é autossuficiente na produção de trigo e o cereal é precificado em dólar. De acordo com o Sindpanp (Sindicato das Industrias de Panificação e Confeitaria do Norte do Paraná), nos últimos três meses, o preço médio do trigo teve reajuste entre 22% a 25%, isso significou aumento entre 5% e 10% no preço do pão. "Já tivemos impactos nos últimos meses. A cadeia produtiva do trigo está sentido os efeitos do dólar", comentou Itamar Carlos Ferreira, presidente do Sindpanp.
Ele acredita que, no curto prazo, não deverá ter reajuste do preço do produto, em virtude, do mercado não conseguir mais repassar os custos. "Não tem mais como repassar a totalidade das altas do trigo. Não tem como vender no preço que deveríamos. Está todo mundo tentando se salvar", disse.
"O preço está defasado, mas vamos continuar segurando. O momento econômico está muito difícil para a área de panificação. Estamos ganhando hoje para pagar amanhã. Não tem ninguém ganhando dinheiro com padaria", desabafou.
Segundo ele, as padarias também estão enfrentado a redução no consumo e aumento da concorrência de pequenos negócios. "Aquela pessoa que comprava seis, oito pães, agora compra quatro. A pessoa que perdeu o emprego, abriu o seu negócio. A concorrência aumentou demais", explicou.
Dados da Abimapi (Associação das Indústrias de Biscoitos, Massas e Pães), mostram que o consumo per capita de pães industrializados caiu de 2,2 kg/ano, em 2016, para 2,09 kg/ano, em 2017.
A indústria deve repassar, em média, 5% do custo do trigo, mas esse aumento deve ser gradual, conforme os estoques do cereal são refeitos. As indústrias costumam manter estoques, em média, para 70 dias.
De acordo com Claudio Zanão, presidente da Abimapi, produtos que têm o trigo como matéria-prima são os que mais sentirão o impacto. Em torno de 40% do custo de produção de biscoitos é da farinha de trigo, no macarrão e pães, esse percentual varia de 60% a 70%. "Metade do consumo do cereal no Brasil depende da produção de outros países, como a Argentina e o Canadá", afirmou Zarão.
Ele lembrou que no primeiro semestre, a indústria sentiu os efeitos da entressafra e do câmbio, mas neste segundo semestre o impacto deve ser todo causado pela moeda americana. O setor vem estável nos últimos dois anos, com faturamento na casa do R$ 39 bilhões/ano.
SUPERMERCADOS
Thiago Berka, economista da Apas (Associação Paulista de Supermercados), disse que os mercados vão precisar repor em breve os estoques de produtos de limpeza. "Há alguns dias a disparada do dólar preocupa as empresas. Com estoques acabando, será preciso pagar mais para repor. E isso terá consequências para o consumidor final."
A alta da moeda americana é resultado das indefinições políticas do Brasil, explica o professor Kfoury. "São os investidores do mercado financeiro antecipando as consequências da eleição deste ano", afirma.
Para o presidente do Sindpanp, há esperança que após as eleições o mercado financeiro se acalme e o preço do dólar estabilize.
FONTE: Com Folhapress