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UMUARAMA 63 ANOS
Raimundo Durães batizou a cidade!
Inspirado no nome depois criaram o slogan Capital da Amizade
Publicado em 25/06/2018 às 10:29 Italo
Raimundo Durães batizou a cidade!

A história oficial, essa que vem sendo contada e recontada há décadas – e até repassada nas escolas pelos educadores -, tem sido egoísta com um dos principais (ou o principal, afinal foi ele quem concebeu a idéia de se fundar esta cidade!) personagens da História de Umuarama.

Os “contadores de histórias” na verdade apenas decoraram a ‘cartilha’ da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, a CMNP, que, numa sábia ação de marketing a publicou em forma de livro em que ela aparece mais do que deveria. E deixa ‘invisível’ muita gente que participou no processo de abertura e colonização desta área.

Por comodismo de garimpar, descobrir e aprender os detalhes verídicos da História,  ‘supostos historiadores’ vivem a repassar essa versão parcial da colonizadora para as gerações posteriores, que de tanto ouvirem repetidamente a cantilena acabam acreditando nessa única versão.

Até mesmo o mentor da criação e construção da Capital da Amizade, acabou sendo deixado praticamente de fora da própria obra que ele mesmo criou.

Sumiram com sua memória a tal ponto que nem sequer um logradouro público existe em seu tributo na nossa geografia urbana. Não há praça, rua ou avenida que lembre ele... Um paradoxo, para não dizer, um tremendo absurdo. Culpa dos políticos que passaram pelo Legislativo e Executivo, que pouco conhecem da história da cidade em que viveram ‘empoderados’ por algum tempo. Eles também passaram e outros mais passarão...

Corrigindo tal injustiça e resgatando esse personagem perdido no tempo e no espaço, frisamos em alto relevo que seu nome é RAIMUNDO DURÃES, nascido em Curvelo, uma bonita e conhecida cidade lá das Minas Gerais.

Percorrendo os labirintos do passado descobrimos que esse mineiro foi um ícone de seu tempo e um dos baluartes na implantação da outrora poderosa cafeicultura nas terras paranaenses. Quase anônimo aqui nestes tempos modernos em que se pensa mais no presente e nada do passado, mas um grande desbravador sempre lembrado em Londrina e Maringá, nas quais deixou suas marcas no período da abertura do território ainda dominado pelas florestas...

Resultado do sucesso do “ouro verde” nas regiões do Norte Pioneiro e Norte Novíssimo – abrangendo uma monumental área de milhões de quilômetros quadrados num círculo englobando Jacarezinho, Londrina, Maringá, Umuarama e as respectivas cidades satélites desses centros.

Durães foi coroado pela História como o “Rei do Café” em nosso Estado no século passado, titulo que lhe foi conferido pelos mais sérios, autênticos e bem informados historiadores brasileiros em obras publicadas contando a saga da cafeicultura no Sul do País (São Paulo e Paraná).

Mérito outorgado em reconhecimento a um reinado que durou mais da metade do Século 20. Em praticamente todas as cidades nesse raio da geografia paranaense, há registros da participação direta e atuante do mineirinho Raimundo Durães.

E, quando se trata de Umuarama, a afinidade de Raimundo Durães é ainda mais forte, mais fraterna e muito maior. Paterna, diria... Como já contei anteriormente em reportagens publicadas em revistas e jornais, foi Raimundo Durães quem batizou a cidade, hoje conhecida além-fronteiras como a Capital da Amizade!

Conversei com Raimundo Durães uma única vez. Foi na quinta-feira 26 de junho de 1975, naquele clima festivo celebrando os 20 anos de fundação de “sua cria”. Ele veio especialmente para receber o Título de Cidadão Honorário e, é óbvio, era o centro das atenções com direito a pompa e circunstância que sua biografia faz jus.

Depois de muitos anos, o desbravador voltava aqui, bem mais idoso do que naqueles tempos em que ele percorria as trilhas nas matas virgens desta região como “picareta”, conhecendo as terras e enfrentando onças e índios, verdadeiros donos do habitat ainda intocado pela mão humana...

Meu encontro com Raimundo Durães aconteceu durante a festa oferecida pela Prefeitura, um almoço repleto de personalidades de status na época. “Raimundinho”, como era saudado pelos altos executivos da colonizadora Companhia Melhoramentos que vieram em caravana para saudar também a Hermann Moraes de Barros, então todo-poderoso presidente daquele grupo colonizador e velho amigo de Durães, que recebeu a mesma comenda na ocasião.

Durães destoava da figura burguesa de Hermann, homem fino, de extrema cortesia e educação, aprendida nas mais finas e ricas escolas de São Paulo. Ele, com sua simpatia típica, aquela ‘mineirice’ inimitável, esbanjava sorrisos e abraços ao rever os companheiros de outrora na antiga Colônia Mineira e que ainda viviam aqui em Umuarama.

Essa simpatia, aliás, foi a maior virtude de “Raimundinho” para se tornar uma celebridade no mundo dos negócios de terras e de café no interior paranaense naquele período.

Já visivelmente cansado de ser tão paparicado pela platéia presente à recepção, ele me convidou para sentar numa mesa que havia atrás de um biombo, próxima ao caixa do Restaurante Guaíra, que então era o único point para as grandes recepções que se ofereciam aos visitantes ilustres, a maioria políticos e alguns artistas que por aqui apareciam para cantar em ocasiões especiais... Até porque Umuarama, na época, não tinha restaurantes chiques e modernos como os atuais, então, o Guaíra era parada obrigatória para quem apreciava uma deliciosa comida italiana.

Só ali, em meio a um burburinho tremendo na confraternização naquele feliz 26 de junho, conseguimos sossego para uma boa prosa, afinal, eu queria saber do próprio fundador da cidade como havia sido aquela tremenda aventura nos idos da década de 50 que resultou numa das mais prósperas cidades paranaenses.

Se há um convite que mineiro nenhum recusa, depois de estabelecida uma amizade, é para uma boa conversa. Principalmente se ela for para recordar emoções já vividas. E como “Raimundinho” conversou naquele dia... Estava carente de recordar como havia sido a sua maior realização na condição de precursor da Nova Fronteira Agrícola que o Paraná entregava ao Brasil, afinal, foi com ela que o País conquistou a fama de maior produtor de café do planeta.

A conversa foi demorada e divertida, temperada com longas e sonoras gargalhadas daquele homem baixinho que se orgulhava em ser, ao mesmo tempo, mineiro e paranaense. Mas todos os detalhes dessa prosa, devidamente regada primeiro com café no restaurante e seguida de uma caminhada pela cidade que ele tinha orgulho de ter fundado, só contarei no próximo capítulo... Aguardem, vale a pena recordar! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

O mineiro “Raimundinho” Durães, uma lenda no Paraná do Século 20.

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