Colecionar figurinhas, o hobby que atravessou gerações...
Todo fim de semana a tradicional Livraria Paraná tem sido ponto de encontro de gerações de umuaramenses. Adultos, jovens e crianças se reúnem felizes em torno de uma diversão que vem desde o século passado. Hoje o hobby, confesso, não é tão arrebatador como era antes... mas existe e causa muita alegria a muita gente.
Me refiro a paixão de colecionar figurinhas. Antigamente, nos tempos da colonização de Umuarama, durante o ano eram lançados inúmeros tipos de álbuns. Eram figurinhas de artistas de cinema e novelas de televisão. Da Jovem Guarda, que reunia as fotos de todos os cantores da turma do iê-iê-iê do Rei Roberto Carlos. De bichos, de personagens dos desenhos animados e dos gibis. De personagens da história universal. De paisagens maravilhosas do Brasil e do mundo. E, claro, das Copas do Mundo e de todos os campeonatos e times de futebol do Brasil. Enfim, havia figurinhas para todos os gostos...
De uns tempos para cá, a paixão foi diminuindo, se dividiu entre outras atrações, principalmente depois que as redes sociais passaram a dominar o planeta.
Agora, de quatro em quatro anos, esse hobby se renova. E isso acontece a cada edição do mundial de futebol, por conta do álbum de figurinhas da Copa. Ele é uma tradição: é produzido desde 1970 pela Panini no Brasil e que neste ano se tornou uma febre tão logo foi lançado na terceira semana de março.
E o ponto de compra e trocas de figurinhas em Umuarama continua sendo o mesmo: a cinquentenária Livraria Paraná, no centrão da Capital da Amizade. Aos sábados e domingos a calçada da empresa ferve. Para dar conforto aos colecionadores, a LP distribui cadeiras e mesas, onde durante horas rolam altos papos entre os colecionadores, permutando as figurinhas repetidas e comentando cada imagem que elas retratam.
É interessante ver pais levando os filhos para lá, onde ficam horas. Eles, que já tinham o hábito desde o tempo em que foram adolescentes, explicam à garotada os segredos do colecionismo.
É uma festa quando alguém encontra a ‘figurinha difícil’ que tanto procurava, seja ao comprar um envelope ou ao encontrar um amigo que tem a sonhada preciosidade. E o entusiasmo aumenta, fazendo com que a compra dos cromos também.
Essa agitação vai até o final da Copa, porque nem todos tem a sorte de completar o álbum logo no começo do evento. Portanto, esse entretenimento sadio, ainda vai durar um bom tempo.
SÓ TÁ FALTANDO O “JOGO DO BAFO”!
Só estou sentindo falta de um detalhe importante nesses encontros destes tempos modernos: O “Jogo do Bafo”.
É aquela antiga brincadeira muito comum entre os colecionadores de figurinhas do passado. O nome já dizia como era praticada: A gente encolhia a mão formando uma ‘concha’ e batia forte no montinho de cromos com as figuras viradas para baixo ou para cima (a combinar entre os jogadores). As curvas da palma e dos dedos provocavam o “bafo” (vento) que virava elas. Quem as desvirava ficava com elas. E não tinha xororó! Havia sortudos que saíam do jogo com os bolsos cheios. Outros, com a cara feia...
Antigamente a brincadeira era tão cativante que estava em todos os lugares: nos recreios das escolas, em frente ao cinema antes de começar o filme, nas sorveterias e até mesmo em casa, quando a molecada chamava os amiguinhos para o tal “Jogo do Bafo”. Além de divertido, era uma brincadeira sadia, principalmente porque promovia a amizade entre a galerinha... (ITALO FÁBIO CASCIOLA)
A calçada em frente à Livraria Paraná fervilha aos sábados e domingos: é o ponto de encontro da galera que coleciona figurinhas da Copa do Mundo! (Fotos by May Malfatto, exclusivas para o Portal Coluna ITALO)