ALIMENTOS SOBEM O TRIPLO DA INFLAÇÃO
A alimentação no domicílio ficou, em média, 0,74% mais cara em abril. Houve aumento nos preços do tomate (17,87%), alho (11,60%), cebola (11,31%), frutas (2,59%) e leite longa vida (1,96%). Por outro lado, tiveram queda itens como a a batata-inglesa (-8,72%) e as carnes (-1,43%).
Fora de casa, o custo da alimentação subiu 0,25%, uma desaceleração em relação ao mês de março (0,59%) em virtude da alta menos intensa da refeição. O subitem subiu apenas 0,07% em abril após alta de 0,76% em março. Já o lanche ficou 0,47% mais caro, variação superior à registrada no mês anterior (0,19%).
Dados do IBGE (2020) indicam redução de mais de 50% no consumo dos brasileiros de produtos base da alimentação, como arroz e feijão, ao longo de 16 anos e atribui essa diminuição principalmente ao aumento dos preços de tais produtos e ao crescente consumo de produtos ultraprocessados.
Evidentemente, a quase estagnação que se observa na renda per capita no Brasil tem um papel forte ao restringir o poder de compra, forçando a população a procurar alternativas menos custosas para se alimentar. Estagnação essa que se dá num cenário de estabilidade do nível de pobreza ao redor de um terço da população.
Especificamente, em torno de 11% da população vive com renda per capita de até ¼ do salário mínimo; 30% vivem com menos de ½ salário mínimo. Resumindo, cerca de 60% da população brasileira vive com até um salário mínimo per capita.
Esse cenário de demanda doméstica por certos produtos (como arroz e feijão, por exemplo) quase estagnada – em razão da renda muito baixa – não favorece a expansão sistemática da produção (com uso de tecnologias atualizadas e aproveitamento de economias de escala, como acontece com a produção de produtos exportáveis). Esta produção cresce, portanto, a taxas insuficientes (do ponto de vista nutricional) e fica à mercê do clima e da ocorrência de pragas e doenças nas culturas.
FONTES: O Globo e Cepea/IBGE
FOTOS: Agência Brasil