Na infância, jogando bola de pano na rua, o Rei foi batizado de ‘Pelé’
Eterno Rei do Futebol, Pelé faleceu no dia 29 de dezembro, aos 82 anos, em São Paulo. A tristeza é planetária, pois ele se consagrou o brasileiro mais famoso em todos os continentes.
"Pelé" foi, indiscutivelmente, o nome mais festejado pela mídia internacional no século passado, aplaudido pelas suas conquistas que até hoje nenhum outro atleta conseguiu superar.
Quando se fala em Edson Arantes do Nascimento só os brasileiros sabem quem é no primeiro momento, mas isso não acontece no exterior. Edson não tem a popularidade do apelido ‘Pelé’, que é repercutido em todos os idiomas quando o assunto é o Rei do Futebol.
Mas há um detalhe muito importante com relação ao apelido tão festejado... Muuuita gente, principalmente a nova geração que curte futebol, não sabe o significado de ‘Pelé’ e o motivo porque ele assumiu esse apelido.
A notícia do falecimento do Rei fez com que as redes sociais explodissem com tantas perguntas dos internautas a respeito dessa questão. ‘A pergunta mais repetida foi ‘O que significa Pelé?’ e... como era esperado, a absoluta maioria não soube responder.
Para descobrir esse ‘mistério’ fomos pesquisar no Museu do Santos F. C. e consultamos o Fan Club do Rei Pelé, também naquela cidade portuária.
TUDO COMEÇOU COMO BILÉ, BILÉ, BILÉ...
Pelé nasceu em Três Corações, no sul de Minas Gerais. O melhor jogador de futebol de todos os tempos teve uma infância muito humilde.
Amigos de Pelé daquela época contam que ele jogava futebol na rua, descalço e com uma bola feita de pano. Ele era fã de um goleiro chamado "Bilé" e gritava pelo nome do ídolo quando ficava no gol.
"Influenciado pelo pai, Dico sempre foi fã de futebol e logo começou a fazer parte dos times de garotos que jogavam nas ruas de Bauru. Ele gostava de atuar no gol, inspirado no goleiro José Lino da Conceição Faustino, o ‘Bilé’, amigo de time de seu pai, o Vasco de São Lourenço (Minas Gerais).
Como Edson não conseguia pronunciar o nome Bilé corretamente, durante os jogos com os amigos, ele falava algo semelhante com “Seguuura, Pilééé!”, quando fazia suas defesas.
Os amigos não entendiam porque ele gritava "Bilé" sempre que fazia uma boa defesa. Por causa disso, eles começaram a chamar Edson de "Pelé". O apelido pegou e o acompanhou por toda a vida.
"Nós não entendíamos nada quando ele defendia uma bola e falava isso. Ninguém sabia quem era esse goleiro. Então, com essa de Bilé para cá e Bilé para lá, começamos a chamá-lo de Pelé. Ele não gostou, e foi aí que o apelido pegou mesmo... e depois acabou aceitando e adotando o ‘Pelé’", relembra Raul Marçal da Silva, amigo de Pelé.
Há alguns anos, em entrevista à Rede Globo, Pelé relembrou como surgiu o apelido. Ele contou que, à época, não entendia e achava que era "uma coisa feia".
"Toda a garotada do colégio me chamava de 'Pelé, Pelé', e eu brigava com todo mundo. E de pirraça a galera birrava ainda mais... Foi assim que eu peguei o apelido de Pelé, sem saber por quê. E, hoje, eu adoro, porque é um nome conhecido em todo o mundo."
NA INFANCIA ERA CHAMADO DE ‘DICO’
Mas antes de começar a carreira no futebol, Edson Arantes dos Nascimento teve outro apelido. Na infância, quando vivia em sua cidade natal Três Corações, ele era chamado pela família de ‘Dico’. Era um tempo de pobreza, mas de brincadeiras e de aprendizado para o pequeno Edson.
A casa onde ele morou foi construída há 112 anos. Inicialmente, serviu de lar para Jorge Lino Arantes e Maria Naves. Eles tiveram dez filhos. A oitava da lista foi Celeste, que viria a se casar com João Ramos do Nascimento, popularmente conhecido como Dondinho, atacante dos bons, cabeceador raro.
Em 23 de outubro de 1940, nasceu ‘Dico’ – ops, digo Pelé -, neto de Jorge e Maria, filho de Celeste e Dondinho. Nos primeiros anos de vida do menino, a família enfrentou dificuldades financeiras. Tio Jorge carregava lenhas em uma carroça. Dondinho juntava trocados jogando futebol ou fazendo bicos como pintor. Amigos ajudavam como podiam.
Enquanto isso, crescia um menino brincalhão, forte, mas que pouca atenção chamava dos vizinhos. ‘Dico’ eventualmente brincava com as crianças na rua.
Mas os olhares de Jorge, vigilantes, estavam sempre focados nele. E a criança ficava mais no pátio do que além do portão de madeira. Ele gostava mesmo era das jabuticabeiras.
Via as bolinhas pretas e se espichava para catá-las. Não conseguia. Os galhos eram altos. A solução vinha mais tarde, quando seu avô chegava com a carroça. Pelé subia nela e, enfim, podia colher os frutos. Ele viveu ali até os 5 anos de idade, quando a família mudou-se para Bauru.
Em Bauru, o menino Pelé começou a chamar a atenção por seu futebol nas ruas da cidade e foi convidado para fazer parte da equipe de base Bauru Atlético Clube, onde seu pai jogava. Foi quando seu técnico, o ex-jogador da seleção brasileira, Waldemar de Brito, após treiná-lo e ganhar títulos ao lado de Pelé, decidiu levá-lo para Santos, em 1956.
Pelé chegou ao clube com 15 anos, já apontado como promessa de craque do futebol brasileiro.
A continuação da história até Pelé conquistar o mundo está em todas as notícias que estão em todos os cantos da internet e da mídia. O foco desta matéria era descortinar o mistério sobre o apelido ‘Pelé’, o Eterno Rei. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)