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GRANDE AVENTURA
Umuaramense vai percorrer de moto as 399 cidades do Paraná
Bruno Vanço encarou o desafio com sua Honda Shadow 750
Publicado em 14/05/2019 às 19:35 Italo
Umuaramense vai percorrer de moto as 399 cidades do Paraná

Desafio e aventura são palavras que naturalmente fazem parte do cotidiano de quem leva a vida sobre duas rodas. A bordo de sua “ruivinha”, apelido dado à sua Honda, o motociclista Bruno Vanço decidiu explorar ainda mais o sentido do termo superação.

Ele quer percorrer de moto os 399 municípios do Paraná, encarando todo o tipo de adversidade que encontra pelas rodovias, estradas, ruas, ruelas e caminhos que o levam a seu destino final em cada cidade visitada: a prefeitura.

Nas sedes das administrações municipais, Bruno Vanço faz fotografias e as envia para o site Fazedores de Chuva, um coletivo nacional de motociclistas estradeiros. Esse movimento acompanha, apoia e confirma o cumprimento dos desafios lançados pelos pilotos no Brasil e no mundo.

Registros do Fazedores de Chuva indicam que só outros 11 pilotos buscaram superar a mesma aventura encarada por Bruno, em busca das prefeituras. Até o momento, apenas quatro alcançaram as 399 cidades do estado e oito estão na estrada para cumprir o desafio.

Administrador, Bruno Vanço se estabeleceu em Foz do Iguaçu para trabalhar. Paranaense, nascido em Umuarama em 1990, passou os últimos dois anos em Jaraguá do Sul (SC), à frente do time de futsal daquela cidade, e desde janeiro é o supervisor técnico do Foz Cataratas Futsal. Há muito tempo dedicado ao futebol das quadras, ele é autor de um livro em que aborda a modalidade, a ser lançado em 2019.

DA CULTURA DO CAMINHÃO À PAIXÃO PELA MOTO

O piloto tem origem em uma família de caminhoneiros, por isso os veículos de carga pesada ocuparam seu imaginário na infância. “Minha referência era o caminhão, embora meu pai mantivesse na parede de casa imagens de motos e pilotos de Moto GP”, rememora.

Quando obteve a carteira de motorista, ganhou de seus pais uma moto pequena, modelo Biz. Em 2008, fez a sua primeira viagem, ainda bem curta pela pouca experiência solo com as estradas e pela limitação da motocicleta.

As cilindradas aumentaram. Vieram a Honda CB 300, a Kawasaki ER6n e a Ninja. O gosto pela aventura em duas rodas também cresceu, mas Bruno optou então por adquirir um automóvel em uma fase de sua vida quando estava em um relacionamento sério.

PEGANDO A ESTRADA

Em 2017, Bruno Vanço comprou a máquina atual para a sua aventura na estrada. Foi apresentado ao Fazedores de Chuva por um amigo, árbitro de futsal e um dos quatro concluintes do Valente Fazedor de Chuva do Paraná, e decidiu viajar pelas cidades do Paraná, no asfalto ou no terrão, faça chuva ou faça sol.

“Gostei da Honda Shadow assim que a vi, com apenas um banco para o piloto, rodas de faixa branca e uma bandana amarrada nela. Quando a comprei, o ex-dono retirou a bandana, então passei numa loja de artigos de rock-and-roll e comprei uma de caveira para pôr no lugar. A imagem da caveira, característica de roqueiros e motociclistas, remete à ideia de que por dentro todas as pessoas são iguais”, conta Bruno. A partir de então, foi vento no rosto e liberdade no coração.

A primeira cidade visitada dentro do desafio de percorrer o estado foi a litorânea Paranaguá, que Bruno rodou acompanhado de um amigo e companheiro de profissão que mora no litoral, no Dia de Finados de 2018. A Shadow passou no teste: estava pronta para vencer os outros 398 municípios do Paraná.

Desde então, o piloto já esteve em 146 cidades, o que representa 36,50% do desafio. Teixeira Soares foi a última localidade visitada, no final do março. “Jogamos e vencemos em Palmas na sexta-feira. A equipe retornou de ônibus para Foz, e eu fiquei por lá. No sábado segui passando pelas cidades do Sudeste paranaense rumo a Curitiba”, explica.

Faltavam pouco mais de 200 quilômetros para chegar, era meio-dia, quando a bateria da moto apagou em frente à Prefeitura de Paula Freitas. “Esgotadas as possibilidades de conserto por ali, tive que esperar uma van buscar a moto e voltar pouco mais de 20 quilômetros para União da Vitória”.

NO CAMINHO, MUITOS QUILÔMETROS DE ESTRADAS DE CHÃO

“Quatro horas depois, de bateria nova e alguns ajustes feitos na moto, continuei a viagem para a capital e assim poder curtir um show memorável do ex-Beatles Paul Mccartney”, conta Bruno. “No domingo, retornei a Foz do Iguaçu passando por Teixeira Soares, a cidade número 146”, narra, entregando alguns dos prazeres da vida na estrada.

No planejamento do motociclista, o desafio de percorrer as 399 localidades será concluído em Guaraqueçaba, no litoral norte paranaense. “Tentei percorrê-la, mas caí em uma estrada de chão, fiz só 25 quilômetros em uma hora de tão difícil o terreno”, relata.

“Na primeira tentativa de chegar a Guaraqueçaba, dias antes do réveillon, o celular e o GPS não funcionaram por falta de sinal. O pneu furou próximo de uma borracharia no trecho em que eu estava. Empurrei a moto por um pedaço e fiquei das 11h às 16h esperando pelo conserto”, relembra.

DESAFIOS DENTRO DO DESAFIO

Segundo Bruno Vanço, viajar de moto é encarar desafios e percalços. Em suas andanças, hospeda-se em pequenos estabelecimentos e casas de amigos, quando é necessário. Muitas vezes é preciso improvisar para se alimentar. Já precisou deixar a moto em uma cidade e seguir de carona.

O motociclista já teve de ser rebocado por guincho e dirigiu à noite sem faróis. “Nessas horas, é preciso ter criatividade. Sem farol, que queimou, não tive outra alternativa a não ser acompanhar a iluminação na rodovia proporcionada por outros veículos que seguiam atrás.”

Além dos problemas mecânicos e das condições de algumas rodovias, encontrar as prefeituras é o principal obstáculo. Muitas delas sequer têm placas de identificação. Outras perdem-se na vastidão da mata “Rio Negro, por exemplo, que fica dentro de um parque ecoturístico. Bonito, mas um pouco fora do centro da cidade”, cita Bruno.

“Em Tunas do Paraná, assim como em Salgado Filho, a cidade estava reformando seu paço municipal e estava funcionando em uma casa alugada, sem qualquer identificação”, relata. “Verê e a histórica Antonina também não continham placas. Tem hora que nem o GPS localiza as sedes municipais”, diz.

A RECOMPENSA

Se vencer o desafio de percorrer com a sua Honda Shadow as 399 cidades do Paraná, o piloto receberá um certificado, com uma camisa e um pin personalizados do Fazedores de Chuva. Para quem não pega a estrada, pode parecer pouco, tamanhos são os obstáculos. Já para o estradeiro Bruno Vanço, chegar a Guaraqueçaba será atingir a última etapa de uma jornada cheia de história, experiência e aventura. “Viajar de moto é viver”, expõe. Simbolizará que é chegada a hora de deixar a rota no Paraná e seguir caminhos para além das fronteiras nacionais.

REPORTAGEM DE Paulo Bogler, Jornal H2FOZ

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