Tricotando a magia das relações
“Quando o bambu do varal quebrava, virava agulha de tricô!”, conta Gizele Ribeiro enquanto tricota.
Ela e a irmã gêmea aprenderam a fazer tricô com a mãe, ainda meninas, utilizando agulhas artesanais, feitas de bambu lascado e lixado. A falta de recursos financeiros fazia com que as meninas logo se interessassem por aprender a arte dos fios e passassem a colaborar com o orçamento familiar.
Durante a aprendizagem, não havia materiais de sobra. “Quando a lã acabava, a gente desmanchava tudo para começar de novo, ‘pra dar conta’ de aprender”, relembra Gizele.
Tricotando e educando
Hoje Gizele é professora na escola do bairro Jabuticabeiras, onde também colabora com uma associação de artesãos. Mesmo tendo uma profissão, com salário regular, o tricô faz parte da rotina diária de Gizele. “Já são mais de 20 anos tricotando”, conta.
Gizele ressalta a importância do artesanato como fonte de renda para favorecer as famílias que buscam por uma fonte de sustento. “Mesmo na minha família já houve situação de desemprego, onde o artesanato foi a única fonte de recursos”, explica.
Segundo Gizele, em Umuarama existem poucos artesãos de tricô. Até mesmo os materiais, como a lã, são difíceis de encontrar com variedade no comércio local. No entanto, Gizele faz questão de comprar na cidade e não de fornecedores da internet.
Essa é uma importante atitude dos artesãos da AAU (Associação dos Artesãos de Umuarama). Os artesãos compreendem que cada centavo, cada imposto pago, vai favorecer a nossa própria cidade e vai trazer benefícios para a nossa gente. Eles assumem essa responsabilidade e mantém seu trabalho com as raízes em Umuarama.
Muito mais do que dinheiro
Como educadora, Gizele compreende que mais do que participar da economia da cidade, o artesanato tem alto valor social. “A gente produz e tem um mercado de consumo para o artesanato. Porém, mais do que aquecer a economia local, o artesanato tem um grande valor de união familiar, onde as pessoas se reúnem para trabalhar, mas também para conversar e criar laços.”
Gizele conta que na família dela as mulheres ainda “tricotam” à moda antiga. “É comum sentarmos em roda para fazer tricô e conversar”, sorri. “Toda peça de artesanato vai carregada de charme, de carinho, de afeto, que é resultado desse momento familiar e de amizade. Nenhuma peça industrializada tem essa magia”.
Para sentir todo esse carinho, visite as ‘lojinhas’ nos quiosques do Lago Aratimbó, no primeiro domingo de cada mês. Ali, a Gizele Ribeiro e outras artesãs da AAU estão cheias de novidades para você usar e presentear!
Por Anita Leite