É CULPA DA GUERRA???
Ovo de Páscoa tá + caro que picanha
Um Kinder Ovo está custando R$ 90 por 150 gramas de chocolate (pouco mais que uma barra) hoje nas prateleiras dos supermercados. Nas redes sociais, multiplicam-se as piadas sobre os preços dos ovos de Páscoa, que ganharam até comparações com os valores cobrados pela peça de picanha – que também já não é dos mais amigáveis para o bolso do brasileiro.
Ainda assim, a Páscoa deste ano pode ser um respiro para o varejo, depois de dois anos consecutivos em queda.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta que as vendas devem alcançar R$ 2,16 bilhões, uma recuperação de 33% em relação à Páscoa de 2021, mas ainda abaixo dos R$ 2,5 bilhões que a data movimentava em média nos anos anteriores à pandemia.
Mas o salto no faturamento não é necessariamente sinal de luz no fim do túnel para a indústria, que foi abalada pela inflação, acumulada em média em mais de 15% sobre os insumos da produção do chocolate.
Ainda que o setor seja abastecido da matéria-prima nacional, o cacau, o açúcar e o leite não escaparam do aumento dos custos operacionais e com a distribuição no Brasil. No caso dos ovos de Páscoa, o processo de produção, armazenagem e logística é ainda mais complexo e caro. Já as tradicionais barras e bombons – alternativas aos ovos de chocolate – tiveram um aumento médio de 10,7%. Isso porque, entre outros fatores, o açúcar e derivados acumulam alta de 19%.
QUEDA DO PODER DE COMPRA TEM
A combinação entre elevação dos custos e queda do poder de compra tem desmotivado a indústria do chocolate, que reduziu a produção de ovos de Páscoa de 10 mil toneladas em 2019 para 8,5 mil toneladas em 2020, e 9 mil toneladas no ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas. A perspectiva em um cenário de crise e alta inflacionária afeta principalmente as compras das classes C e D, principal público nas redes de varejo.
O grupo Carrefour aposta em produtos de chocolates das marcas próprias, cujas vendas vêm crescendo em média 20% ao ano. A marca paulistana Village, que produzia chocolates para categorias mais baratas, até decidiu abandonar a linha de Páscoa neste ano. E enquanto as parreiras de ovos encolhem nos supermercados e nas lojas, as marcas apostam nas plataformas digitais e em estratégias de delivery para se aproximar dos consumidores.
FONTE - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)